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Saturnino: justiça social vale mais que o PIB!

Aprendam com o Mujica!
publicado 11/10/2017
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Mujica é o exemplo do líder anticonsumista

O Conversa Afiada publica o novo Correio do Mestre Saturnino Braga:

O PROJETO DA PAZ III


Prossigo no propósito de não comentar os acontecimentos locais, por não mais encontrar palavras adequadas, como também para não adicionar razões e qualificações que podem aprofundar ainda mais o ódio entre brasileiros e a desmoralização do nosso País, que foi o principal objetivo do golpe. Atingido o fundo do processo, virá a tentativa de nos dividir em duas ou três nações: o Brasil não poderia voltar a ser importante como se mostrou neste início de século.

Pode, entretanto, não chegar ao fim colimado todo este processo. Em consequência de um ato praticado em Florianópolis, ato de elevada honradez e profunda consciência do direito, uma iniciativa de rara coragem em defesa da Pátria, uma decisão pessoal de dar um basta à destruição do Brasil! Pode mudar o rumo das coisas.

Bem, retomo então o tema do Projeto de Nação e não vou repetir as razões pelas quais não podemos calcá-lo no modelo de crescimento consumista dos países ricos, pela constatação óbvia de que estaríamos trabalhando com grande esforço para destruir o mundo.

O consumismo tem que acabar; o armamentismo tem que acabar; a Humanidade tem que sobreviver e o planeta terra tem que continuar nos acolhendo e nos dando o sustento. É um mandamento; temos que cumpri-lo.

O mundo tem hoje um extraordinário líder anticonsumista que fala do amor, da justiça e, principalmente, da felicidade da vida simples. Fala com a força moral de quem pratica, de quem vive esta felicidade simples que prega. Foi Presidente da República do Uruguai, tem vasta cultura, fala claro e convincente. Recebeu-nos em sua modestíssima casa da granja que ele mesmo cultiva, para uma entrevista a ser publicada na revista do Centro Celso Furtado. Enquanto conversávamos na pequena sala atulhada de livros, sua esposa, hoje vice-presidente da República, na cozinha, lavava a louça do café da manhã que haviam tomado. Pepe Mujica tem cultura, vivência e força moral para ser o grande líder da paz mundial!

Desculpem a derivação mas não podia deixar de fazer esta referência tão importante. E volto ao nosso tema do Projeto Brasileiro.

Não nos interessam, como objetivo principal, taxas elevadas de crescimento do PIB; interessam, sim, decisivamente, a Justiça social e a Paz, no Brasil e no mundo. Este deve ser o nosso Projeto exemplar de Nação.

As potências da guerra, que devastam nosso planeta com a sua produção consumista e belicista, cinicamente estimulam guerras fratricidas e vendem armamentos para todos os lados, com o intuito de reduzir drasticamente a população mundial pela matança violenta, e assim poderem prosseguir no seu consumismo.

Mas a realidade humana e natural grita mais alto o seu protesto e o impasse político cresce abertamente na Europa, com a invasão crescente dos refugiados. Fatalmente, este impasse vai afetar a força dominante do capital: os Estados Unidos não ficarão à margem deste gravíssimo problema. Sua última eleição presidencial mostrou claramente a desarticulação daquele imenso poder.

E o Brasil tem uma condição única no mundo para exercer uma liderança forte na luta pela paz, junto com países de história respeitada e pacífica, como Portugal, como as nações sulamericanas, além de nações africanas da mesma índole.

Há, para nós, uma evidente pré-condição: a de readquirirmos força moral depois de todo este processo de combate à corrupção, vergonhoso e exagerado no noticiário com o fito mesmo da desmoralização. O caminho saudável desta recuperação é a instituição de novas regras para o afastamento do poder econômico e a realização de eleições limpas, para iniciarmos, então, de maneira firme, a implantação de um projeto nacional de desenvolvimento, com ênfase na justiça e na paz interna.

Não vou, eu mesmo, ousar a proposição das linhas deste projeto que já está na cabeça dos brasileiros que gostam do Brasil e não querem morar em Miami: o Projeto do Desenvolvimento com Paz e Justiça social. É uma tarefa coletiva de políticos e estudiosos.

O Centro Celso Furtado, que realiza todo ano um seminário para discutis o tema “Qual desenvolvimento queremos?”, tem competência e total disposição de colaborar no trabalho de elaboração deste Projeto.

P.S. Durante as três próximas semanas, estarei viajando, conversando e observando, tentando ganhar forças para continuar a me corresponder com os amigos. Talvez encontre tudo mudado quando voltar. Penso assim depois de ver a sessão fúnebre da Universidade de Santa Catarina, com os pronunciamentos do Desembargador Lédio Rosa de Andrade e do Senador Nelson Wedekin.

Roberto Saturnino Braga