Seis universidades terão curso sobre o Golpe
O presidente ladrão (E) e o censor semi-analfabeto, segundo o Aragão... (Reprodução)
Após o pedido feito pelo ministro da Educação,Mendonça Filho, para que o curso sobre o golpe de 2016 oferecido pela Universidade de Brasília (UnB)fosse investigado, pelo menos outras seis instituições de ensino do país criaram iniciativas semelhantes, todas com o intuito de analisar os efeitos do golpe sofrido pela presidenta eleita Dilma Rousseff.
Além da UnB, as universidades federais da Bahia (UFBA) e do Amazonas (UFAM), a USP, a Unicamp e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) também irão ofertar a disciplina aos alunos de seus cursos de Ciência Política com a perspectiva de oferecer um panorama completo deste período tão conturbado da história recente do país.
Na Unicamp estão previstas aulas como “A fragilidade da democracia brasileira”, “As políticas do governo golpista”, “A nova direita”, “O jogo político do STF e o golpe”, “O ataque à educação” e “As reformas trabalhista e previdenciária”.
Cerca de 30 professores já se voluntariaram a ministrar o curso. “Vamos começar com uma discussão sobre caracterização do que é golpe de Estado do ponto de vista da ciência política, depois vamos debater essas rupturas democráticas que ocorreram no Paraguai, em Honduras, no Peru. A segunda parte vai ser o processo do golpe no Brasil em si, as manifestações de 2013, a direita do país e o papel das classes médias”, explicou professor de Ciência Política Wagner Romão.
Em uma segunda temática, explica o professor, o curso fará um panorama sobre as políticas adotadas pelo governo ilegítimo de Temer: “Vamos analisar a Reforma Trabalhista, a proposta da Previdência, esse autoritarismo quanto à questão da segurança pública e esse estilo de Michel Temer governar como fazer acordos para manter a base conservadora”.
Para além da proposta acadêmica do curso, também está em questão a solidariedade ao professor Luís Felipe Miguel, que ministrará o curso da UnB e alvo de cerceamento autoritário do MEC. Em nota, os docentes do Departamento de Ciência Política da Unicamp declararam que a postura de Mendonça Filho é “demonstração cabal de que vivemos em um contexto político autoritário, no qual a máxima autoridade federal no campo educacional infringe a liberdade de cátedra e a autonomia universitária”.
Infelizmente, ainda de acordo com Romão, o caso da UnB não é o único exemplo arbitrário do atual governo no trato com as universidades. ” O que a gente tem visto é uma sequência de ataques não só na universidade pública mas às direções das universidades publicas. Isso não é uma coisa banal. Temos que ficar em alerta”, conclui.