Sepúlveda saiu do STF para Bermudes nomear ministro
O ministro do Supremo Gilmar Mendes (E) e o amigo-irmão Sérgio Bermudes (D), no Copacabana Palace, em 2009 (Reprodução: Blog da Cidadania)
O Conversa Afiada reproduz, do Estadão:
O advogado contou, então, que saiu antes da compulsória justo a pedido de Bermudes, um dos mais fortes articuladores, se não o maior, da indicação do ministro Menezes Direito, então no STJ – a quem prometera mover mundos e fundos, dentro de seu alcance, para levá-lo ao Supremo. Bermudes sentiu que havia chance com a vaga de Pertence. O problema é que se fosse esperar o ministro sair na data devida, Direito teria feito aniversário (em 8 de setembro) e atingido a idade proibitiva para a indicação (65 anos).
Por livre e espontânea vontade, o conservador Menezes Direito jamais seria o candidato de Pertence para substituí-lo. Numa conversa com o presidente Lula, no começo de 2006, este lhe perguntara, brincando: “E aí, Zé Paulo, quem vai para a tua vaga?”. O ministro citou o nome do advogado e constitucionalista Luís Roberto Barroso, e o da quase-prima Cármen Lúcia, que acabou indo antes. Se tivesse que citar dez nomes, o de Menezes Direito não viria. Mas Bermudes pediu por Direito. Teve o aval e o apoio decisivos do então ministro Nelson Jobim, a concordância tácita do advogado e ministro Márcio Thomaz Bastos, e, claro, tanto Pertence pesava na balança, a indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Eu já vinha dizendo que não ia esperar a compulsória”, contou Pertence. “Estava em fase de um certo cansaço com a linha de produção do STF. Às sextas não havia sessões – mas eu ficava no gabinete. Era um protesto silencioso. Estava cansado.”
No começo de 2007, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ligou a ele para dizer que a Polícia Federal tinha uma interceptação telefônica que poderia comprometê-lo – por levantar a suspeita de que recebera R$ 600 mil de propina de um advogado. “Era um equívoco, um absurdo completo, que o Márcio ficou de acompanhar”, disse o advogado. Indignado com a aleivosia, Pertence deu uma entrevista partindo para o ataque. Assustou-se com alguns comentários postados no site depois da entrevista. “Foi terrível. Tinha gente propondo o meu enforcamento. Essa sugestão do enforcamento me deprimiu. E isso me chateou muito.”
Juntando tudo, saiu do STF. “O motivo da saída foi fazer uma homenagem ao Menezes Direito e a todos que patrocinaram a sua candidatura”, disse. “Ele não era o meu perfil, não seria o meu candidato, mas tinha excelentes relações pessoais. Eu vou sacrificar o sonho de um sujeito por causa de mais dia ou menos dia? Não achei que era justo, e saí.” (...)
Em tempo: Sérgio Bermudes já afirmou que ele e o ministro Gilmar Mendes são "irmãos, nos falamos duas vezes por dia". Gilmar e sua esposa Guiomar já se hospedaram no apartamento de Bermudes na Quinta Avenida em Nova York e também em sua residência no Morro da Viúva, no Rio de Janeiro. O casal também utiliza a Mercedes com motorista de Bermudes.
Em março de 2010, após a transferência da presidência do Supremo Tribunal Federal ao ministro Cezar Peluso, Gilmar e Guiomar ganharam uma viagem de cinco dias a Buenos Aires - presente do amigo-irmão Sérgio Bermudes, que os acompanhou.
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Em tempo2: em 2009, em uma festa em comemoração aos 40 anos do escritório de advocacia de Bermudes, no Golden Room do hotel Copacabana Palace, Gilmar se fez de porteiro e recebeu, na entrada, um por um os convidados.
Em tempo3: a esposa do ministro Gilmar, Guiomar, é sócia de Sérgio Bermudes. Ela comanda a filial do escritório de advocacia em Brasília.
Em tempo4: o Ministro Gilmar contratou o advogado Sepúlveda para mover uma causa que suprimisse a liberdade de expressão do ansioso blogueiro. Os dois perderam. Veja na aba "Não me calarão". Veja também que, por causa do Ministro Gilmar e do Ínclito banqueiro, o ansioso blogueiro denunciou na OEA a sistêmica censura à liberdade de expressão no Brasil e exigiu da União o ressarcimento dos custos para se defender desses dois baluartes da Casa Grande - o ministro e o banqueiro! - PHA