Brasil

Você está aqui: Página Inicial / Brasil / Sepúlveda saiu do STF para Bermudes nomear ministro

Sepúlveda saiu do STF para Bermudes nomear ministro

Bermudes hospeda o Ministro Gilmar em apê em NY
publicado 18/02/2018
Comments
Bermudes.jpg

O ministro do Supremo Gilmar Mendes (E) e o amigo-irmão Sérgio Bermudes (D), no Copacabana Palace, em 2009 (Reprodução: Blog da Cidadania)

O Conversa Afiada reproduz, do Estadão:

(...) Aposentadoria (Sepúlveda) Pertence aposentou-se do Supremo, como público, alguns meses antes da data limite. Poderia ter ficado até novembro de 2007, quando completaria 70 anos (a ‘expulsória’ daqueles tempos), mas saiu em agosto daquele ano. Houve muita especulação sobre os motivos da antecipação. Pertence os esclareceu em uma entrevista de maio de 2010 – quando, então, ex-ministro do STF, trabalhava como um dos mais prestigiados advogados na sede brasiliense do escritório Sérgio Bermudes, o mesmo dos momentos difíceis.

O advogado contou, então, que saiu antes da compulsória justo a pedido de Bermudes, um dos mais fortes articuladores, se não o maior, da indicação do ministro Menezes Direito, então no STJ – a quem prometera mover mundos e fundos, dentro de seu alcance, para levá-lo ao Supremo. Bermudes sentiu que havia chance com a vaga de Pertence. O problema é que se fosse esperar o ministro sair na data devida, Direito teria feito aniversário (em 8 de setembro) e atingido a idade proibitiva para a indicação (65 anos).

Por livre e espontânea vontade, o conservador Menezes Direito jamais seria o candidato de Pertence para substituí-lo. Numa conversa com o presidente Lula, no começo de 2006, este lhe perguntara, brincando: “E aí, Zé Paulo, quem vai para a tua vaga?”. O ministro citou o nome do advogado e constitucionalista Luís Roberto Barroso, e o da quase-prima Cármen Lúcia, que acabou indo antes. Se tivesse que citar dez nomes, o de Menezes Direito não viria. Mas Bermudes pediu por Direito. Teve o aval e o apoio decisivos do então ministro Nelson Jobim, a concordância tácita do advogado e ministro Márcio Thomaz Bastos, e, claro, tanto Pertence pesava na balança, a indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eu já vinha dizendo que não ia esperar a compulsória”, contou Pertence. “Estava em fase de um certo cansaço com a linha de produção do STF. Às sextas não havia sessões – mas eu ficava no gabinete. Era um protesto silencioso. Estava cansado.”

No começo de 2007, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ligou a ele para dizer que a Polícia Federal tinha uma interceptação telefônica que poderia comprometê-lo – por levantar a suspeita de que recebera R$ 600 mil de propina de um advogado. “Era um equívoco, um absurdo completo, que o Márcio ficou de acompanhar”, disse o advogado. Indignado com a aleivosia, Pertence deu uma entrevista partindo para o ataque. Assustou-se com alguns comentários postados no site depois da entrevista. “Foi terrível. Tinha gente propondo o meu enforcamento. Essa sugestão do enforcamento me deprimiu. E isso me chateou muito.”

Juntando tudo, saiu do STF. “O motivo da saída foi fazer uma homenagem ao Menezes Direito e a todos que patrocinaram a sua candidatura”, disse. “Ele não era o meu perfil, não seria o meu candidato, mas tinha excelentes relações pessoais. Eu vou sacrificar o sonho de um sujeito por causa de mais dia ou menos dia? Não achei que era justo, e saí.” (...)

Em tempo: Sérgio Bermudes já afirmou que ele e o ministro Gilmar Mendes são "irmãos, nos falamos duas vezes por dia". Gilmar e sua esposa Guiomar já se hospedaram no apartamento de Bermudes na Quinta Avenida em Nova York e também em sua residência no Morro da Viúva, no Rio de Janeiro. O casal também utiliza a Mercedes com motorista de Bermudes.

Em março de 2010, após a transferência da presidência do Supremo Tribunal Federal ao ministro Cezar Peluso, Gilmar e Guiomar ganharam uma viagem de cinco dias a Buenos Aires - presente do amigo-irmão Sérgio Bermudes, que os acompanhou.

Leia mais em Gilmar e Bermudes: 2 vezes por dia.

Em tempo2: em 2009, em uma festa em comemoração aos 40 anos do escritório de advocacia de Bermudes, no Golden Room do hotel Copacabana Palace, Gilmar se fez de porteiro e recebeu, na entrada, um por um os convidados.

Em tempo3: a esposa do ministro Gilmar, Guiomar, é sócia de Sérgio Bermudes. Ela comanda a filial do escritório de advocacia em Brasília.

Em tempo4: o Ministro Gilmar contratou o advogado Sepúlveda para mover uma causa que suprimisse a liberdade de expressão do ansioso blogueiro. Os dois perderam. Veja na aba "Não me calarão". Veja também que, por causa do Ministro Gilmar e do Ínclito banqueiro, o ansioso blogueiro denunciou na OEA a sistêmica censura à liberdade de expressão no Brasil e exigiu da União o ressarcimento dos custos para se defender desses dois baluartes da Casa Grande - o ministro e o banqueiro! - PHA