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SP: Cantareira vai entrar em alerta!

Crise hídrica pode ser pior que a de 2014
publicado 27/07/2018
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Da Rede Brasil Atual:

Sistema Cantareira está próximo de entrar em estado de alerta


Os reservatórios do Sistema Cantareira devem entrar em estado de alerta até o próximo domingo (29). Com o nível do volume útil armazenado caindo diariamente desde abril, o sistema chegou a 40,2% de sua capacidade nesta sexta-feira (27) – número muito abaixo do período pré-crise hídrica, em 2013, quando acumulava 53,9%.

Hoje, o Cantareira está na faixa de atenção – quando se opera entre 40% e 60% de sua capacidade total. Entretanto, quando alcançar os 39,9%, o sistema entrará na terceira faixa: a de alerta. Esses limites foram estabelecidos em 2017, quando a Agência Nacional de Águas (ANA) determinou, por meio da Resolução Conjunta 925, os limites de retiradas de água pela Sabesp. 

De acordo com Edson Aparecido da Silva, organizador do Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama), a capital paulista caminha para uma nova crise hídrica, pois a situação atual é pior do que a de 2013. "O quadro não demonstra melhora e tem se agravado pela falta de chuva", alerta.

Dados da Sabesp apontam que pluviometria acumulada no mês é de apenas 1,2 mm até esta sexta,enquanto a média de chuvas em julho é de 48,7 mm. Antes da crise, o mesmo período obteve uma pluviometria acumulada de 73,9 mm.

O professor de Hidrologia e Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Antonio Carlos Zuffo não acredita que São Paulo terá problemas com abastecimento, pois aposta no El Niño – fenômeno climático que provoca chuvas acima da média. "A partir de outubro começa o período chuvoso novamente e deve haver uma recuperação. Até lá deve haver água, o problema é se chover pouco a partir de outubro", afirma.

(...) 

Além da falta de chuvas


Apesar do problema da seca em São Paulo, os especialistas afirmam que não há segurança hídrica, já que o sistema continua dependendo das chuvas para se abastecer. O coordenador do Fama lembra que nenhuma medida estrutural foi tomada pela Sabesp ou pelo governo do estado para conter esse problema.

"Já passou do momento de a Sabesp adotar uma política ostensiva para a redução de consumo de água, retomar o programa de bônus. Só não entramos no volume morto porque o sistema conta com novas interligações, mas isso não será sustentado a longo prazo", alerta Edson. "As grandes cidades aumentam, a demanda também, mas o sistema é o mesmo", acrescenta Zuffo.

O professor da Unicamp lembra que outro problema visto é a perda física no sistema de distribuição de água. "Em São Paulo, supera os 40%, ou seja, é um reservatório Cantareira sendo perdido por dia", lamenta. 

Edson Aparecido diz que há a necessidade de manter essas matas no entorno. "Na região metropolitana, um dos principais responsáveis pelo desmatamento é o estado, por exemplo, com a construção do RodoAnel, que desmatou muita vegetação em torno das represas Billings e Guarapiranga", critica.

Já Antonio Carlos Zuffo não vê relação entre a falta de água e o desmatamento que ocorre no entorno dos rios que abastecem o Cantareira. Entretanto, diz que a vegetação é importante para a água possuir boa qualidade. 

Na terça-feira (24), à rádio CBN, o secretário estadual de Recursos Hídricos, Ricardo Daruiz, afirmou que as obras anteriores do governo do estado irão garantir o abastecimento e que não haverá racionamento de água. "Infelizmente, de quatro em quatro anos a situação se repete. Como é ano eleitoral, o governo insiste em não assumir que estamos diante de uma possível crise de abastecimento. Na nossa opinião, isso é uma irresponsabilidade. O ideal seria o governo estadual se antecipar a essa crise", aponta Edson.