Tem é que virar a mesa!
Nem o cavalo senador de Calígula faria pior!
publicado
12/07/2017
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O Conversa Afiada publica afiado artigo de seu colUnista exclusivo Joaquim Xavier:
A noite dos patifes
Indiferentes à rejeição popular, senadores aprovaram nesta terça-feira reforma liquidadora de conquistas centenárias dos trabalhadores brasileiros. Nem o cavalo senador de Calígula ousaria tanto. Uma nova camada de vergonha cobriu o Congresso consagrado como um dos mais reacionários da história da República.
Os dispositivos reduzindo trabalhadores à categoria de escravos “modernos” têm sido exaustivamente desmascarados.
Safados travestidos de parlamentares tentam impor, junto com a camarilha temerista e seus financiadores, um retrocesso inacreditável mesmo num país onde há tempos vigora um capitalismo selvagem. Sequer as grávidas escaparam. Convenções internacionais foram pisoteadas sem cerimônia conforme denunciou a Organização Internacional do Trabalho.
A aliança temerista-tucanalhas-rede globo-mídia oficial-mercado comemora alimentando-se das vísceras de um povo exausto do império da ladroagem. O grande capital e seus asseclas desconhecem limites no exercício da rapinagem.
Com desfaçatez, espalham discursos exaltando o fim de pretensas amarras à volta do emprego. Isso após produzirem uma quebradeira geral, índices alarmantes de calote e um contingente de 14 milhões de desempregados. Querem esconder dos brasileiros que em todos os lugares onde mudanças parecidas aconteceram o resultado foi a degradação do trabalho sem alteração qualitativa nos índices de ocupação.
A reação inédita de senadoras assumindo a mesa do Senado correspondeu ao próprio ineditismo da situação. Afinal, qual a legitimidade deste governo moribundo, estraçalhado pela roubalheira desenfreada, para surrupiar direitos elementares de quem trabalha? Nenhuma. O gesto corajoso das parlamentares de oposição foi quase nada comparado ao que a camarilha usurpadora vem fazendo com o Brasil.
O país real mergulha no caos. Em todas as regiões, o número de maltrapilhos se multiplica a céu aberto. O flagelo da fome deixou de frequentar somente as áreas mais pobres. Veja-se o Rio. Aquela que já foi a capital da República apodrece virtualmente sem lei e sem dinheiro. Um ex-governador coleciona crimes atrás de crimes. O atual confessa publicamente não saber até quando fica no cargo. O prefeito da capital é de uma nulidade vergonhosa. Enquanto isso, proliferam tiroteios; funcionários públicos, aposentados e desempregados recolhem migalhas em semáforos; serviços essenciais afundam no colapso. Um pequeno retrato da política global patrocinada pela gang golpista desde lá de cima.
A ruína de Temer diante da decomposição social galopante virou notícia velha. Mas o como e quando fazem muita diferença em política e na vida cotidiana. A trapaça em curso para substituí-lo por Rodrigo Maia não passa disso: uma trapaça para trocar seis por meia dúzia. Essa ideia de mudar apenas de ladrão encanta os que se locupletam com a miséria do povo.
A começar da Globo, imbatível em fabricar golpes e ditaduras. A clique dos Marinho sonha em tratar o Brasil do mesmo jeito que trata suas novelas: mudam só de nome, mas a porcaria continua a mesma.
Contra isso, a oposição deve ter claro que ocupar a mesa do Senado é muito pouco. Tem é que virar.