Declaração à imprensa do Presidente da República, Michel Temer, após visita às obras da Fonte de Luz Síncrotron de Quarta Geração Sirius
Campinas/SP, 15 de fevereiro de 2018
Muito bem, olhe aqui, acabamos de conhecer um projeto extraordinário. Uma tecnologia avançadíssima, que é o projeto Sirius, que eu recebi uma explicação, recebemos todos uma explicação muito adequada, muito competente deste projeto. E isto revela as potencialidades do País. Só para dar o exemplo a vocês, a espécie de tomografia, vamos dizer assim, que serão ímpares, praticamente não há no mundo todo. E o Brasil está caminhando para isso.
Ainda eu contava a todos que há poucos dias eu lia um livro em que o autor dizia que, daqui a algum tempo, o homem vai viver 140 anos por causa do avanço tecnológico. E eu disse: acabei de acreditar no que o autor disse referentemente a você viver 130, 140 anos exata e precisamente em função desse avanço tecnológico estupendo que foi revelado a todos nós, a mim, ao governador Geraldo Alckmin, o professor Cerqueira Leite que, na verdade, comanda basicamente este lado. Ao lado dos deputados Celso Russomanno, do Beto Mansur, do Marquezelli, de todos aqueles, do nosso querido ministro Kassab, do nosso prefeito de Campinas, todos eles dedicados e empenhados nesta causa. Isto mostra o que é o Brasil.
Acabei até de registrar – e os senhores e as senhoras estavam registrando, não é? – que este fato deve ser divulgado, não só ao Brasil, para que os brasileiros cada vez tenham mais orgulho do seu País, da sua pátria, mas, se possível, transmitido para o exterior.
Boa tarde a vocês.
A propósito, o Conversa Afiada reproduz artigo de Tereza Cruvinel, que também vai trabalhar no novo JB:
Michel Temer visita nesta quinta-feira 15 as instalações do projeto Sirius em Campinas, São Paulo. Pouca gente no Brasil sabe da existência de mais este importante legado dos governos Lula e Dilma que, tal qual a transposição das águas do Rio São Francisco, eles não tiveram tempo de inaugurar.
Temer vai tentar faturar mas, como seu crédito anda tão baixo, provavelmente não vai colar. Trata-se da mais complexa infraestrutura científica já construída no país, um acelerador de partículas que será uma das primeiras fontes geradoras de luz síncrotron de 4ª geração no mundo. Foi planejado para colocar o Brasil na liderança mundial de produção de luz síncrotron, com uma qualidade (brilho) superior à que será produzida por equipamentos similares de outros países.
A fonte de luz síncrotron de Campinas será uma ferramenta-chave para a resolução de questões importantes para as comunidades acadêmica e industrial brasileiras, permitindo o desenvolvimento de pesquisas em áreas estratégicas, como energia, alimentação, meio ambiente, saúde, defesa e vários outros. Por sua aplicação versátil, a tecnologia da luz síncrotron vem se tornando cada vez mais utilizada em todo o mundo, especialmente pelos países com economias de forte base tecnológica. A luz, também chamada radiação síncrotron, é um tipo de radiação eletromagnética que se estende por uma faixa ampla do espectro eletromagnético – luz infravermelha, ultravioleta e raios X. Ela é produzida quando partículas carregadas, aceleradas a velocidades próximas à velocidade da luz, têm sua trajetória desviada por campos magnéticos. A Fonte de Luz Síncrotron é uma máquina de grande porte, capaz de controlar o movimento dessas partículas carregadas (elétrons) para produzir essa radiação especial. Estou explicando o melhor que posso, em se tratando de matéria altamente técnica.
O Brasil possui uma fonte já bastante ultrapassada de produção deste insumo científico. As pesquisas mais avançadas demandam o uso de ferramentas atualizadas, que se equiparem a instalações científicas semelhantes em outros países. As fontes de luz síncrotron de alto brilho, como será a de Campinas, representam o que hoje existe de mais moderno para a observação de materiais orgânicos e inorgânicos.
A comunidade científica apresentou o projeto ao governo em 2003, primeiro ano da Presidência de Lula, que deu sinal verde para o prosseguimento dos estudos. Em 2008, Lula destinou R$ 2 milhões para a conclusão do projeto. Em 2010, o projeto brasileiro foi apresentado internacionalmente, numa reunião em Tóquio. As pesquisas nesta área costumam ser compartilhadas entre os países. Em 2013 Dilma autorizou a compra do terreno em Campinas, para a instalação do Projeto Sirius, e em 2014 autorizou o Ministério de Ciência e Tecnologia a assinar o contrato com a empresa licitada para o imediato início das obras.
É isso que Temer visita agora, quatro anos depois. Uma obra da maior importância científica, altamente relevante para o futuro do país, para a qual ele não contribuiu com nada.