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The Guardian sobre o Brasil: 12 meses com um presidente homofóbico que declarou guerra ao meio ambiente

E a cineastas e jornalistas
publicado 01/01/2020
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"Brasileiros sobre o primeiro ano de Bolsonaro: 'se você discorda, é visto como um traidor'"

No dia em que se completa um ano do governo de Jair Bolsonaro, The Guardian, respeitado jornal britânico, publica uma reportagem de fôlego na qual faz um balanço altamente negativo sobre a situação do Brasil.

"Nesses 12 meses, Jair Bolsonaro - que é um homofóbico declarado e aliado da direita religiosa radical - declarou guerra a cineastas, jornalistas e o ambiente, colocou seguidores de teorias da conspiração à frente das relações exteriores, e permitiu uma nova era de repressão policial e destruição da floresta tropical", resume o jornal.

A publicação abriu espaço para seis figuras relevantes no atual contexto brasileiro.

Djamila Ribeiro, filósofa feminista, disse ao jornal que “foi um ano muito difícil, sobretudo quando se trata de segurança pública. Sentimos muito medo do aumento da repressão sobre a população negra e da crescente militarização das favelas. O número de negros assassinados em comunidades pobres aumentou, assim como o número de líderes indígenas mortos", resumiu.

Patrícia Campos Mello, premiada jornalista da Folha de S.Paulo, afirmou que “este ano confirmou nossos piores temores sobre o relacionamento do governo Bolsonaro com a imprensa. Vimos uma postura cada vez mais hostil, não apenas em relação aos jornalistas, mas também aos meios de comunicação críticos e independentes".

O ex-chanceler Celso Amorim (2003-2010) diz que em 2019 voltou a sentir vergonha: "Por muitas razões, mas principalmente pelo que está sendo feito na política externa. Em 50 anos, nunca vi nada parecido com o que está acontecendo na diplomacia brasileira hoje. Nem mesmo durante o governo militar".

The Guardian também ouviu o ex-ministro Gustavo Bebianno, antigo aliado e hoje desafeto de Jair Bolsonaro e seu clã. "Bolsonaro está cercado de radicais e tem medo de tudo. Ele está constantemente com medo de ser traído. É por isso que ele é agressivo. Ele tem medo de jornalistas. Ele tem medo de políticos", resume Bebianno.

O líder indígena Davi Kopenawa Yanomani diz que “os indígenas no Brasil sentem muito mais medo sob o governo desse presidente. Este ano, muitos mineiros ilegais entraram em nossa terra. Eles poluem nossos rios e matam nossos peixes. Nosso pessoal está começando a ter malária novamente".

Por fim, o Guardian ouviu a atriz Karine Teles sobre os reiterados ataques de Bolsonaro ao cinema (e à cultura em geral). “O novo governo admite que deseja filtrar o conteúdo produzido com dinheiro público. Mas a Constituição do Brasil proíbe a censura. Você não pode decidir quais filmes podem ou não ser feitos com fundos públicos. Existe um comitê responsável por selecionar projetos de acordo com as qualidades artísticas, os artistas envolvidos, o produtor - e não os temas que estão sendo retratados", afirma.

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