Um mundo louco
"O ser humano expressa, sem incômodos, o que ele realmente é"
publicado
07/06/2017
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"Com seu brilhantismo, Albert Einstein afirmava que 'já não sabia se o louco era ele ou os outros'..." (Reprodução)
O Conversa Afiada reproduz novo texto de Régis Eric Maia Barros, psiquiatra e psicanalista:
Não há muito espaço para sanidade. O mundo está louco e nós estamos enlouquecendo. A razão humana sucumbe frente ao fim do bom senso. A falência da ética e da moral é indiscutível. Os valores morais estão corrompidos e foram carcomidos por essa sociedade mesquinha e consumista. As aparências já não enganam, pois, sem pudor, o humano expressa, sem incômodos, o que ele realmente é. Somos isso, uma potência capaz de destruir.
Com seu brilhantismo, Albert Einstein afirmava que “já não sabia se o louco era ele ou os outros”. Compactuo com sua premissa, pois, já não sei dizer se sou, apenas, mais um louco em meio a tantos. E quando falo de “loucos”, não me refiro aos que padecem de algum adoecimento mental, mas sim de nós, ditos normais. Vale a ressalva de que os chamados de “loucos” pelo status quo da sociedade “sã” são muito mais saudáveis do que os que se intitulam normais. Soou de forma confusa, mas é isso mesmo: nós, normais, somos os escrotos, enlouquecidos, que machucamos e destruímos.
A “loucura” presente no perverso. A “loucura” vestida de preconceito. A “loucura” contida na dominação. A “loucura” marcada na eugenia e na especiação. A “loucura” exaltada pelo domínio. A “loucura” minha e a “loucura” tua. São tantas “loucuras” que a nossa capacidade de enxergar é bloqueada.
Os verbos dessa “loucura” são poderosos, fortes e tristonhos. Pois, matamos, excluímos, corrompemos, seduzimos, eliminamos, prevaricamos e, falsamente, negamos. Essa é a toada. Os passos são esses. Acordamos, consumimos e dormimos para, no outro dia, repetirmos o ciclo. Essa lógica é tão enlouquecida que eu acredito ser a representação material de um suicídio da humanidade. Algo que mesclaria a anomia e o egoísmo proposto por Durkheim. Assim, passei a perceber que tudo é cindido, repartido e quebrado.
Sobrevivemos nesse modelo o qual foi conquistado e encontra-se condicionado. Sem notar, vamos enlouquecendo com a quebra da espontaneidade infantil e com o fim da pureza pueril da nossa época de criança. Nós somos adultos, rígidos e interesseiros. Nós nos tornamos isso. Loucos na nossa constituição ontológica. Essa é a nossa metafísica. Assim sendo, concluo afirmando que os locais mais normais dessa sociedade doente são os espaços com os pacientes psiquiátricos. Os ditos “loucos” rompem a lógica humana de controle e acabam por serem mais transparentes, mesmo que para tal, eles fiquem o juízo da realidade prejudicado.
Com seu brilhantismo, Albert Einstein afirmava que “já não sabia se o louco era ele ou os outros”. Compactuo com sua premissa, pois, já não sei dizer se sou, apenas, mais um louco em meio a tantos. E quando falo de “loucos”, não me refiro aos que padecem de algum adoecimento mental, mas sim de nós, ditos normais. Vale a ressalva de que os chamados de “loucos” pelo status quo da sociedade “sã” são muito mais saudáveis do que os que se intitulam normais. Soou de forma confusa, mas é isso mesmo: nós, normais, somos os escrotos, enlouquecidos, que machucamos e destruímos.
A “loucura” presente no perverso. A “loucura” vestida de preconceito. A “loucura” contida na dominação. A “loucura” marcada na eugenia e na especiação. A “loucura” exaltada pelo domínio. A “loucura” minha e a “loucura” tua. São tantas “loucuras” que a nossa capacidade de enxergar é bloqueada.
Os verbos dessa “loucura” são poderosos, fortes e tristonhos. Pois, matamos, excluímos, corrompemos, seduzimos, eliminamos, prevaricamos e, falsamente, negamos. Essa é a toada. Os passos são esses. Acordamos, consumimos e dormimos para, no outro dia, repetirmos o ciclo. Essa lógica é tão enlouquecida que eu acredito ser a representação material de um suicídio da humanidade. Algo que mesclaria a anomia e o egoísmo proposto por Durkheim. Assim, passei a perceber que tudo é cindido, repartido e quebrado.
Sobrevivemos nesse modelo o qual foi conquistado e encontra-se condicionado. Sem notar, vamos enlouquecendo com a quebra da espontaneidade infantil e com o fim da pureza pueril da nossa época de criança. Nós somos adultos, rígidos e interesseiros. Nós nos tornamos isso. Loucos na nossa constituição ontológica. Essa é a nossa metafísica. Assim sendo, concluo afirmando que os locais mais normais dessa sociedade doente são os espaços com os pacientes psiquiátricos. Os ditos “loucos” rompem a lógica humana de controle e acabam por serem mais transparentes, mesmo que para tal, eles fiquem o juízo da realidade prejudicado.