Única secretária de Promoção da Igualdade Racial do país, Fabya Reis tentará ser a primeira prefeita negra de Salvador
(Crédito: Jonas Santos)
Via Mídia 4P - A secretária de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia (Sepromi), Fabya Reis (PT), única que ocupa uma pasta desta natureza no Brasil, lançou seu nome para disputar a Prefeitura de Salvador, cidade que, apesar de ter 83% da população de pretos e pardos, nunca elegeu nas urnas um prefeito ou prefeita negro(a). O único afrodescendente que comandou a cidade, o jurista Edvaldo Brito, foi indicado de forma biônica pelo governador da época, Roberto Santos.
Militante histórica e dirigente do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e filiada há 20 anos ao PT de Salvador, Fabya vai disputar a indicação da legenda com outros quatro quadros políticos da legenda que também postulam a vaga de candidato do partido: o ex-ministro da Cultura do governo Lula Juca Ferreira, o vereador de Salvador e sindicalista Moisés Rocha, o deputado estadual Robinson Almeida e a socióloga e militante do movimento negro Vilma Reis.
Pós-doutora pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), onde também fez mestrado e graduou-se em Administração, a secretária estadual foi inicialmente lançada pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), instituição nacional do movimento negro brasileiro, presente em 17 estados brasileiros, que possui 400 entidades filiadas em todo o Brasil e que desde o seu surgimento tem essa pauta como centralidade de luta.
“Trata-se de um nome que, com certeza, defenderá o PT, o legado e a liberdade plena de Lula sem tergiversar, sem negar o partido, com fibra e coragem, apresentando um projeto de cidade que dê conta de opor-se ao projeto segregador do prefeito ACM Neto, nosso principal adversário local, que alinha-se nacionalmente desde a primeira hora com o projeto de ampliação da miséria do povo e do lucro dos mais ricos do presidente Jair Bolsonaro”, explicitou a entidade, em manifesto divulgado no início do ano.
A oficialização da pretensão de ser candidata veio no último dia 6, segunda-feira, quando a sem-terra registrou sua pré-candidatura a prefeita de Salvador com a presença de mais de 70 militantes.
O objetivo da candidatura, afirma ela, é derrotar o paradigma que reina sobre a capital da Bahia, que nunca teve governante negro, além de derrotar as forças que representam o presidente Jair Bolsonaro na Bahia.
“Nosso projeto está colocado para contribuir com o debate interno do PT, ajudando a elaborar o programa do partido para a cidade de Salvador, e porque acreditamos que reunimos características e trajetória para enfrentar de nariz em pé, sem tergiversar, o projeto bolsonarista que é encarnado em Salvador e na Bahia pelo presidente nacional do DEM ACM Neto, além de defender o legado do PT e do presidente Lula”, afirmou.
O candidato que for escolhido enfrentará o atual vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), que foi lançado como pré-candidato da situação à Prefeitura de Salvador, apoiado por Neto.
TRAJETÓRIA
Fabya Reis iniciou sua vida pública aos 16 anos, militando no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). É militante petista durante toda a vida, sendo dirigente da EPS, tendência interna do PT. No MST, atuou, durante 13 anos, na organização de projetos, assessoria e mobilizações, além da articulação com universidades e outros movimentos sociais.
Filha de Maria do Carmo Batista dos Reis e José Pedro dos Santos Filho, trabalhou na construção do acampamento de mulheres no MST que resultou na definição de paridade nas instâncias de direção e, nas últimas eleições, em 2018, participou da equipe de construção do plano nacional de governo do PT.
Graduada em Administração, focando nas dinâmicas do terceiro setor e gestão pública, é mestra em Sociologia pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) desde 2008 e doutora em Ciências Sociais pela mesma instituição desde 2012. Em 2014, também na UFCG, formou-se como pós-doutora.
Na larga experiência no Executivo, atuou na Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES), entre 2010 e 2012; foi chefe de gabinete da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) na gestão da companheira de MST Vera Lúcia Barbosa, atual vice-presidenta do PT da Bahia; e foi coordenadora executiva de Políticas para Comunidades Tradicionais (CPCT) na SEPROMI. Na mesma pasta, se tornaria secretária, cargo que ocupa até hoje, para cumprir o desafio de consolidar os direitos dos indivíduos e grupos étnicos tradicionais, além de fortalecer políticas de enfrentamento à discriminação racial e à intolerância religiosa.
Marca sua gestão por rodar toda a Bahia visitando comunidades tradicionais. Em 2017, recebeu a Medalha Zumbi dos Palmares da Câmara Municipal de Salvador e agora, em 2019, teve aprovada em seu favor a Comenda 2 de Julho, na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), devido à gestão de excelência na SEPROMI e à trajetória política, além do Berimbau de Ouro.
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