Vaza Jato: Cunha mencionou 120 políticos em delação que o Moro não quis
(Charge: Aroeira)
O ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) mencionou, em uma fracassada tentativa de delação premiada, cerca de 120 políticos. Ele disse ter arrecadado R$ 270 milhões (70% em caixa dois) em cinco anos para repartir com aliados, como aponta reportagem de Felipe Bächtold e Rafael Neves na Folha de S.Paulo desta quinta-feira 26/XII.
Cunha entregou a proposta de delação a procuradores da Operação Lava Jato em 2017, mas seus relatos foram considerados "superficiais demais" e não houve acordo. Um dos documentos com a proposta foi compartilhado entre procuradores que discutiam a possibilidade de delação em um chat do aplicativo Telegram, em julho de 2017. Esse arquivo faz parte do material enviado por uma fonte anônima ao site The Intercept Brasil e analisado pelo site e pela Folha.
Entre os principais alvos do relato de Cunha estão Michel Temer e o ex-ministro Moreira Franco (MDB-RJ). Em julho, outro episódio da série Vaza Jato mostrou um diálogo em que o então juiz (sic) Sergio Moro discute com o procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, a possibilidade de delação de Cunha. Moro diz, naquele momento, que espera que os rumores a respeito "não procedam". "Sou contra, como se sabe", afirmou ele.
Na proposta recusada de delação, Cunha diz que seu papel no MDB mudou a partir de 2007, quando passou a ser coordenador da bancada do Rio. Foi no primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff, porém, que ele ampliou suas forças nos bastidores e formou um "blocão" com parlamentares de outros partidos além do MDB, o que sustentaria sua eleição à presidência da Câmara em 2015.
A maior parte dos políticos mencionados na proposta de delação, a propósito, é relacionada a essa articulação. Cunha disse ter arrecadado R$ 148,6 milhões em 2014, repassados a mais de 60 deputados. As fontes listadas desses recursos são empreiteiras, como a Odebrecht, "empresas de ônibus", "montadoras de veículos", JBS, além de doações oficiais de bancos. Ele mencionou como contrapartida aprovações de medidas de interesse desses grupos no Congresso.
Há ainda citações ao atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Cunha diz que Maia recebeu R$ 300 mil repassados pelo empresário Natalino Bertin a Moreira Franco, em 2010, em contrapartida a um financiamento obtido no Governo Federal. Afirmou também que atuou para que o hoje presidente da Câmara ficasse à frente de uma comissão de transportes da Casa, em 2013.
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