Feghali quer salvar uma orquestra. Mahler, deputada !
O Conversa Afiada reproduz texto da respeitada parlamentar Jandira Feghali, que este Conversa Afiada gostaria de ver Ministra da Defesa.
A HISTÓRIA DA ORQUESTRA SINFÔNICA BRASILEIRA MERECE RESPEITO
A Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), uma das mais importantes do Brasil, é um patrimônio da sociedade. Contudo, uma crise interna, que tem como pivô seu regente, levou a OSB a enfrentar um momento lamentável. Uma crise que ficou ainda mais evidente depois que os profissionais da Orquestra Jovem abandonaram o palco do Teatro Municipal em protesto à arbitrariedade de demissões promovidas pelo maestro Roberto Minkzuk, na noite do último sábado (9/4). O que seria uma justa homenagem ao pintor Cândido Portinari durante concerto da série Topázio, transformou-se num dos maiores constrangimentos públicos documentados pelas câmeras de celulares e exibidas em rede nacional pelas tevês brasileiras.
Fundada em 1940, a OSB desenvolveu importantes projetos ao longo da sua história, como a criação da Orquestra Jovem, a Master Classes, Escola da OSB e NTB. Mas, a atual crise nos convida a refletir sobre o real papel do regente e os limites de suas responsabilidades no desempenho de um cargo tão notável dada a especificidade, talento e expertise exigidos para o exercício da função.
Diferentemente de outras atividades públicas, um maestro não pode se portar como um administrador de empresas, por exemplo, já que a Fundação OSB é composta por músicos experientes e que se dedicaram quase que exclusivamente a um ofício que foge às regras mercadológicas tradicionais. Nessa perspectiva, caberia ao maestro apenas o desafio de garantir a harmonia da orquestra e oferecer a melhor qualidade de música à sociedade. Na condição de líder, o regente deveria limitar-se a estimular, qualificar, integrar e valorizar o espírito de equipe. Jamais exercer o papel de algoz, que pune, oprime, humilha, desrespeita.
Os músicos da OSB encantam o Brasil há mais de trinta anos. Mas, estranhamente, só agora o maestro teria percebido a necessidade de simplesmente provocar uma demissão coletiva? Nunca é demais lembrar que todos os músicos da Fundação OSB foram contratados via processo seletivo criterioso e que a avaliação dos músicos, como em qualquer outro lugar do mundo, é realizada cotidianamente a partir de observação atenta dos desempenhos individuais.
No Congresso Nacional, assumi recentemente a presidência da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura. E uma de minhas primeiras providências foi no sentido de buscar elucidar a confusão entre os músicos e o regente da OSB. Para tanto reuni-me com o presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), deputado Robson Leite e decidimos requerer – oficialmente - cópias do Estatuto da Fundação OSB, dos convênios firmados com a prefeitura e outras instituições públicas, das contrapartidas e compromissos que devem ser oferecidos à sociedade, das condições salariais e de direitos dos músicos e funcionários, como a remuneração do maestro. Aliás, diga-se, nem mesmo quando fui Secretaria Municipal de Cultura do Rio, consegui descobrir o valor dos vencimentos do regente. Não por falta de tentativa ou insistência de minha parte, mas, por uma injustificada blindagem e inexplicável proteção ao maestro, que tem seus vencimentos honrados com dinheiro dos contribuintes.
Precisamos aprofundar o debate e garantir a transparência na aplicação dos recursos públicos. Assegurar - inclusive - a função social da OSB. Para isso, marcamos uma audiência pública para o próximo dia 18 de abril, às 14h, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
Expresso, pois, minha solidariedade aos jovens profissionais que se rebelaram no palco. Aplaudi a atitude da Orquestra Jovem, que não aceitou substituir os professores demitidos. E reverenciei a resistência do regente Roberto Tibiriça, dos músicos Nelson Freire, Cristina Ortiz, dos bailarinos Ana Botafogo e Alex Loreal, que também não se submeteram à uma hierarquia questionada em momento delicado.
A arte e a cultura brasileiras pedem passagem. A sociedade quer vê-las fortes e acessíveis, mas livres da tirania e o do autoritarismo daqueles que não se dispõem ao diálogo. Ao maestro Minczuk, parece-me não restar alternativa a não ser pegar a batuta e pendurar o boné. Não pode mais exercer a liderança que perdeu.
É do conhecimento do mundo mineral que regentes são autoritários.
Toscanini, Karajan, Neschling.
Uma coisa é ser autoritário e outra é ser déspota.
Algum amigo navegante pode invocar que defendi - e defendo - a permanencia de John Neschling como diretor artistico e regente da OSESP.
Como ex-assinante da OSESP, assisti ao espetáculo deprimente de ver a Orquestra criada por Neschling nas mãoes de regente francês de terceira linha, e, agora, sob a direção de uma americana part time: ficará aqui três meses por ano ...
O Padim Pade Cerra demitiu Neschling por causa de um mictório.
A trajetória de Minczuk é outra.
Está claro que ele não pode dirigir mais aqueles músicos.
Ele deve se achar o Roger Agnelli da música clássica (a Vale é a grande patrocinadora da OSB).
Está na hora de a OSB voltar aos trilhos.
Este ansioso blogueiro conhece a OSB desde quando os pais o levavam ao Municipal, domingo de manhã, para os Concertos da Juventude.
Depois, ele e o imortal Luiz Paulo Horta, fechavam o Jornal do Brasil (quanto era o melhor jornal do Brasil) correndo, para ouvir a série Mahler do Karabtchevisky.
Deputada Feghali, chega de bate-boca na OSB.
Mahler, deputada !
Paulo Henrique Amorim