CEN: "mataram um negro. Eu não vou me calar!"
(Arte: Coletivo de Entidades Negras)
Do Coletivo de Entidades Negras (CEN):
20 de novembro - Dia da Consciência Negra - “Mataram um negro. Eu não vou me calar!”
As lutas negras de cada dia culminam, todos os anos, no dia 20 de novembro, data que marca a morte do líder político negro Zumbi dos Palmares e em que militantes e personalidades negras celebram a resistência política do povo preto.
A história das lutas das pretas e dos pretos continuam e, ainda em 2018, se insiste em remontar as barbáries cometidas contra os corpos negros em 1695, ano da morte de Zumbi.
14 de março de 2018, Marielle Franco foi brutalmente assassinada na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Vereadora, negra e de esquerda, Marielle foi morta juntamente com o colega de trabalho, o motorista Anderson Gomes. O resultado das investigações? Ainda não se tem a causa da morte, nem mesmo a autoria do crime, como em mais de 90% dos crimes que resultam no extermínio das vidas negras.
08 de outubro de 2018, Romualdo Rosário da Costa (Mestre Moa do Katendê) foi assassinado com 12 golpes de faca na cidade de Salvador/BA. Líder político negro, fundador do Afoxé Badauê, compositor, artesão e mestre de capoeira, Mestre Moa, que representa as lutas do povo negro em toda a sua arte e em sua essência, foi morto pelo ódio do facismo e do racismo, fomentado no discurso antidemocrático do, à época candidato à Presidência, Jair Bolsonaro.
Todos os dias ceifam vidas negras e não restam dúvidas que todo crime que extermina uma vida negra é um crime político, contaminado pelo racismo e pelo espírito escravocrata que sustenta a concentração dos privilégios nas “casas grandes” brasileiras.
Todos os crimes cometidos contra as vidas negras são crimes cometidos contra a democracia, que não se compatibiliza com as novas formas de escravização e com o silêncio feito pelo Estado brasileiro em relação às mortes de negros e negras.
Continuaremos em luta e seremos mais fortes do que nunca.
Continuaremos por Zumbi, Dandara, Marielle, Mestre Moa e por todo os nossos ancestrais que morreram em nome da igualdade do povo preto e que não tiveram sequer o direito de terem seus nomes registrados na história.
Lutaremos por democracia, pois fora dela não se sonha com igualdade.
Lutaremos pela tão sonhada justiça que os Tribunais do Judiciário brasileiro entregaram como direito exclusivo da “casa grande”.
Lutaremos contra o fascismo!
Lutaremos por nós e na certeza de que “é nós por nós”!
Coletivo de Entidades Negras-CEN