Quem pagou o pato foi o pinto
Por sugestão da amiga navegante Hilde, o Conversa Afiada reproduz magnífico exemplo da literatura de cordel, do PPP, para a história da canalhice pátria:
O PINTO DO PRESIDENTE
ACABOU PAGANDO O PATO
No Distrito Federal,
O mundo está revirado,
Tem um prato para cima
E tem um prato emborcado.
Contra o povo brasileiro,
Todo dia, o ano inteiro,
Cada prato está lotado.
Lotado de delinquentes
Da nossa democracia
Que levam tudo de eito,
Com as leis à revelia.
A Capital Federal
Se transformou, afinal,
No reino da putaria.
Na quarta-feira passada,
No meio do triste ato
De uma votação imunda,
Houve de repente um fato,
Para ninguém comovente:
O pinto do presidente
Acabou pagando o pato.
O xerife Tenebroso
Acompanhava entretido
Os discursos dos seus pares,
Cada qual o mais bandido;
Sentiu a coisa apertar
E quando foi urinar,
Seu pinto estava entupido.
Naquele grande sufoco,
Tentava, não conseguia.
Espremeu-se, fez esforço,
Mas a coisa não saía.
E quanto mais pelejava
E mais o tempo passava
Mais o seu pinto entupia.
O Tenebroso esqueceu
Seu autoritário estilo,
E começou a chamar
Pessoas para acudi-lo.
Foi levado à enfermaria,
Mas quem era que queria
Chegar nem perto daquilo.
Para discutir o caso,
Fizeram mesa redonda.
Pra salvar o Tenebroso
Daquela coisa hedionda,
Foi chegada a conclusão
De que melhor solução
Era lhe meter a sonda.
Foi de maneira forçada
Que resolveu consentir.
Um torçal logo trouxeram,
Mas quem quis se garantir,
Num momento como aquele,
De pegar a ‘coisa’ dele
Para a sonda introduzir?!
Tenebroso então falou,
Com seu jeito autoritário:
“Corram logo e vão chamar
Um correligionário
Que me salve desse aperto;
Os outros, conforme acerto,
Me salvam lá no plenário.
Chamem o Valdir Colatto,
Ou por outra, Alceu Moreira;
Chamem o José Fogaça,
Ou mesmo Mauro Pereira.
E se tiver ocupado,
Chamem Simone Morgado
Ou o Ronaldo Nogueira.
Chamem lá do Ceará
Deputado Genecias,
O Ronaldo e o Aníbal,
Que são minhas companhias;
Chamem o Danilo Forte,
Pois com eles, tenho sorte
De sair das agonias;
Chamem o Gomes de Matos,
Chamem Gorete Pereira,
Moses e Domingos Neto,
Chamem Vaidon Oliveira
Ou deputado Macedo
Pra desentupir sem medo
A minha velha torneira!”.
Enquanto lá no plenário
Pegava fogo a “prissiga”
Da corja de deputados
De todos nós inimiga,
Lá fora, até o “tinhoso”
Ajudava o Tenebroso
Esvaziar a bexiga.
A bexiga esvaziou-se,
Mas o Brasil segue cheio
De pilantras desonestos,
Ladrões do dinheiro alheio
Que roubando nosso erário
Deixa o povo e o operário
Sofrendo grande aperreio.
Urina presa tem jeito,
Embora provoque dor.
A medicina, faz tempo,
Corrige esse dissabor.
Não tem jeito verdadeiro
É o povo brasileiro
Preso à mão de um ditador.
A ninguém nunca desejo
Que mal algum aconteça,
Mas o senhor Tenebroso
Duma coisa não esqueça,
Pois conforme o que pressinto,
Nunca mais seu velho pinto
Vai levantar a cabeça.
PPP (Pedro Paulo Paulino)
26/10/17