Dilma frita Tony Malocci. E mercado frita Tombini
Na importante entrevista que concedeu a Claudia Safatle, no Valor - clique aqui para ler "Presidenta: não se mexe em direito do trabalhador" - a JK de saias deixou muito claro: quem manda na política econômica é o Guido Mantega e ninguém tasca o Alexandre Tombini, presidente do Banco Central.
Como se sabe, o quindim-de-Iaiá do PiG (*) é o Tony Malocci, notável colonista (**) do Globo e aquele que, segundo a Dilma, salvou a Globo da concordata.
Quando Ministra das Minas, a presidenta detestava a política do Tony.
A substituição dele pelo Mantega revelou uma óbvia inclinação do Nunca Dantes pelo "desenvolvimentismo", em lugar do neo-líbero-petismo do Tony.
A Carta Capital que está nas bancas a partir de hoje mostra na pág. 28, em reportagem de André Siqueira, por que o "mercado" e seus grilos falantes no PiG (*) tentam fritar o Tombini.
Tombini tirou o "mercado" do dolce far niente em que vivia, quando o presidente do BC era também o presidente do BankBoston, Henrique Meirelles.
Em dúvida, aumente os juros.
A música do Meirelles adoçava os ouvidos do mercado: tome juro !
O mundo ia à breca em 2008 - na crise terminal anunciada pela urobóloga Miriam Leitão -, e o presidente do BankBoston aumentava os juros.
Era o jenio da Avenida Paulista.
Uma das gazuas para aumentar os juros era a pesquisa Focus.
Uma pesquisa semanal postada no site do Banco Central, em que os representantes de cem instituições financeiras (bancos) dizem o que acham que vai acontecer com a economia este ano e no ano que vem.
Quando a coisa apertava, os cem jenios diziam que ia explodir a inflação.
Um perigo !
E a música soava como um alarme no ouvido do Meirelles.
O Meirelles ia lá e aumentava os juros.
Segura a tua inflação que eu te dou os meus juros.
Um minueto ao som de violino.
Agora, o Tombini decidiu usar outras maneiras de controlar inflação além dos juros.
São as medidas "macroprudenciais" - que não se percam pelo nome : aumento do compulsório e da exigência de capital para empréstimo ao consumo de prazo maior.
É o óbvio.
Assim se faz desde que inventaram o dinheiro e os bancos, em Florença.
Mas, aqui, onde manda o "mercado", que vivia de juros na veia, é uma revolução copérnica.
O Tombini vai acabar também com o "Grupo dos Cem", os felizardos que determinam a taxa de inflação - e, logo, dos juros - através da pesquisa Focus.
Os "Cem" poderão ser uns trezentos a dar palpite.
Ou seja, dilui a força da tijolada, da pressão.
O "mercado" está aflito e "embutiu", segundo o André Siqueira, um "prêmio" pela nova insegurança: aumentou a expectativa de inflação.
Daí, a ofensiva do "mercado" para fritar o Tombini.
É porque, como disse a Dilma à Safatle, a diretoria do Banco Central agora não tem mais ninguém "do mercado".
Que horror !
Mas, como diz a presidenta, não vem que não tem.
É bom o Palocci ficar lá como Chefe de Gabinete de luxo.
E o Meirelles cuidar de estádios.
O negócio agora são as medidas macroprudenciais.
Não entendeu, amigo navegante ?
O "mercado" também não.
Que bom !
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.