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Cardozo: criminoso do colarinho branco, relaxe e goze

Ontem, o Ministro Zé Eduardo Cardozo tocou piano. E tranquilizou a rapaziada do crime do colarinho branco.
publicado 29/03/2011
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Zé Eduardo Cardozo é o Ministro da Justiça que trabalhou para Daniel Dantas e o defendeu diante dos amigos do Berlusconi.

Zé (é como o pessoal do Dantas o chama) costuma tocar piano na casa de advogados de Dantas.

Ontem ele tocou piano de novo – clique aqui para ler na pág. D2 do Estadão.

E tranquilizou a rapaziada do crime do colarinho branco.

Perceba, amigo navegante:

“Continuamos a aprofundar o foco (sic) no crime organizado. Fazendo o trabalho sem espetacularização de situações, sem holofotes, dentro da estrita legalidade, que é o seu papel.”

“Houve um  momento (veja bem, amigo navegante, “um” momento – PHA) de espetacularização, sim, mas os ministros (ministros no plural ? – PHA) tomaram ciência de que isso não era correto, cabível. Sem shows, a PF é mais eficiente.”

Navalha

Vamos traduzir o Zé, amigo navegante.

“Ministros” devem ser o ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (*), e Nelson Johnbim, que criaram um “grampo sem áudio” e defenestraram para Portugal o ínclito delegado Paulo Lacerda.

“Espetacularização” – significa que o Daniel Dantas jamais será preso (de novo).

Nem ele nem qualquer outro rico.

A palavra “espetacularização” é uma contribuição do ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (*) à História da Magistratura Ocidental.

(O verbete dele começará com a descrição dos “HCs Cangurus” – dois HCs a um passador de bola apanhado no ato de passar bola, em tempo record: 48 horas !)

Foi ele quem chamou a operação Satiagraha de “espetacularização”.

Depois, num delírio, disse que o ínclito delegado Protógenes Queiroz queria dar um Golpe de Estado.

Queira ou não o Zé (é assim que o pessoal do Dantas o chama) prisão de rico é sempre um espetáculo.

Numa sociedade em que a tarefa número da Presidenta da República é erradicar a pobreza, num país de tantos miseráveis, um rico ir para a cadeia é, como diz o Zé, um “show”.

Mesmo que a Globo não exiba no jornal nacional, como fez, de forma límpida e nítida, com o ato de passar bola do Dantas.

Mesmo fora do horário nobre é um prazer ver o Maddoff chegar de capa Burberry e cara de santo ao Tribunal de Nova York.

E isso no país mais rico do mundo.

Como foi “espetacular” a prisão daquela empresaria novaiorquina que dizia “quem paga imposto de renda é pobre”.

Foi um espetáculo de televisão e emocionou os americanos: se eu pago, ela tem que pagar !

E isso tem uma função na democracia, Zé (como chamam os amigos do Dantas).

É a exemplaridade.

É dar a cada cidadão na República a convicção de que a Lei é para todos.

O Ministro diz que “aprofundou o foco” (seja lá o que isso signifique) no “crime organizado”.

“Crime organizado” tem mais cara de Complexo do Alemão do que de Banco Opportunity, não é isso, amigo navegante.

Daniel Dantas está mais para “crime do colarinho branco”, não é mesmo?

Convém não se esquecer de dois detalhes centrais:

1) o diretor geral da Policia Federal do Zé é um delegado que tentou impedir o desfecho da Satiagraha – o que levou Protogenes Queiroz a dizer “tudo como dantes no quartel do Dantas” !

2) O chefe de gabinete da Presidenta é o Tony Palocci, que concedeu a Dantas, na CVM, um tratamento de sacra reverência, ao lá manter como presidente o advogado e sócio de Dantas, o notável jurisconsulto Dr Luiz Cantidiano.

Rapaziada, sorria !

Você está no Brasil !

 




Paulo Henrique Amorim


(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.