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O Prof. Gudinho não quer os US$ 12 bi da Foxconn

Perseguido por dúvida cruel, o ansioso blogueiro resolveu consultar o professor Eugênio Gudinho, de notável saber Econômico
publicado 18/04/2011
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Este ansioso blogueiro leu no R7 que o Brasil é a bola da vez em investimentos em tecnologia avançada.

No Blog do Planalto, a presidenta Dilma mostrou o que espera da renovada relação com a China:

“Nós não achamos que será fácil. Nós vamos ter muito trabalho pela frente, vamos ter de formar brasileiros e brasileiras capacitados para trabalhar nesta área de tecnologia de informação. Mas uma coisa é certa: as empresas não estão vindo para cá por acaso. No ano passado, o Brasil foi o terceiro país que mais vendeu computador no mundo, e isso significa um grande mercado potencial.”


Nada disso, porém, parece confortar os colonistas (*) do PiG (**).

Este ansioso blogueiro leu nos últimos dias, com estupefação, colonas (*) de nomes ilustres a condenar o investimento de US$ 12 bi que a Foxconn, uma micro-empresa chinesa vai fazer no Brasil – clique aqui para ler “Mercadante explica o ‘salto tecnológico da presidenta’".

Perseguido por dúvida cruel, o ansioso blogueiro resolveu consultar o professor Eugênio Gudinho, de notável saber Econômico.

- Professor, a saúde vai bem ?

- Muito bem, meu filho, numa voz quase inaudível. Por que você resolveu me importunar ? (O professor é dono de notório mau humor.)

-  Professor, o senhor é a favor do investimento de US$ 12 bi que a Foxconn vai fazer no Brasil ?

- Contra !, respondeu secamente.

- Mas, por que, professor ?

- Porque vai provocar inflação.

- Mas, professor, o investimento vai contratar 100 mil pessoas. Isso não é bom para o Brasil ?

- Não, porque eles vão trazer os malaios para produzir.

- Mas, professor, o dono da Foxconn diz que vai precisar de 25 mil engenheiros ...

- Meu filho, se você somar todos os engenheiros que se formaram na Escola Politécnica do Rio de Janeiro desde que eu me formei, não dá isso.

- Mas, professor, pode contratar engenheiro de outras faculdades.

- O Brasil não precisa de engenheiro.

- Precisa de que, professor ?

- De gente que saiba carpir café.

- Carpir café, professor ? Por quê ?

- Porque café  é câmbio. O resto é bobagem.

- Mas, professor, veja bem, o Brasil precisa se industrializar, não pode depender só da agricultura.

- Meu filho, você já ouviu falar em David Ricardo, um rapaz inglês muito talentoso ...

- Sim, claro, professor. Mas o que ele tem a ver com a Foxconn ?

- Tem a ver o seguinte, seu tolo. Ele é que formulou a tese do “cada macaco no seu galho” ...

- Pêra aí, professor, me desculpe, mas quem formulou essa importante teoria científica foi o Riachão. E com a colaboração do Caetano e do Gil.

- Meu filho, não sei do que você está falando. O que eu sei é o seguinte: quem nasceu para produzir trigo não pode produzir banana. E quem produz banana não pode produzir trigo. Se tentar produzir, vai sair uma porcaria.

- Sim, professor, e o Riachão com isso ?

- O Brasil nasceu para produzir café. E café é câmbio. E às vezes, banana.

- Mas, veja, professor, me permita uma consideração ... sem querer importuná-lo.

- Mas é o que você sabe fazer: me importunar ...

- Veja bem, professor, desculpe. Mas, quando os primeiros peregrinos ingleses chegaram às 13 Colônias americanas, eles só sabiam produzir torta de maçã ...

- Ridículo ...

- Logo depois da II Guerra Mundial, os japoneses se especializaram em produzir aqueles guarda-chuvas de papel que a gente botava em cima do sorvete ...

- Ridículo ... você não está à altura de conversar comigo. Estou perdendo o meu tempo.

- Professor, uma última consideração: quando o Deng Xiaoping disse aquele frase ... não importa a cor do gato ... o senhor sabe, né, quando ele disse isso os chineses só sabiam produzir brinquedinho de matéria plástica, de um dólar ... professor ...

- O que você quer provar ?

- Eu só queria trocar uma ideia com o senhor, professor.

- E nessa troca ... você entra com quê ?, perguntou o velhinho, uma fera.

- Professor, o Brasil já é uma economia importante, não é uma das 13 Colonias. O Brasil vai pegar esses US $ 12 bi da Foxconn e vai virar por dentro. Em pouco tempo transformar isso em conhecimento, pesquisa, inovação ...

- Meu filho, não insista. O Brasil vai montar, MONTAR os tablets da Foxconn ... e mais nada. Vai ser um trabalho artesanal. A Foxconn vai ser um Mestre Vitalino eletrônico !

- Ah, o senhor sabe o que é um tablete, professor ?

- Claro, seu idiota !

- Quer dizer, então, que o brasileiro vai lá, professor, monta o tablete e fica burro, de tanto montar tablete...

- Fica, não. É burro !

- Bom, aí, já é demais. Ai, o senhor me ofende. E o senhor pensa que a Presidenta é uma ingênua ... vai deixar a Foxconn transformar isso aqui numa grande Cingapura !

- Quem me dera, meu filho ! Quem me dera ! Mas, nem para Cingapura a gente serve.

- Então, a gente serve para que, professor ?

- Para carpir café.

- E café é câmbio, não é isso ?, pergunto.

- Claro ! Pelo menos isso você aprendeu !

Pano rápido.

Para conhecer um pouco mais das idéias do professor Gudinho e seus discípulos no PiG (**) contemporâneo, clique aqui.


Paulo Henrique Amorim



(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.