Acordo nos EUA e sobre a Grécia. O mundo não vai se acabar
A leitura matinal dos jornais europeus não é recomendável aos “profetas da catástrofe”, ou a urubólogos em geral: os do “quanto pior melhor”.
Nos Estados Unidos, o Presidente Obama concordou com uma breve extensão do limite de endividamento, para dar “uns dias a mais” às negociações em curso no Senado em torno de um orçamento fiscal amplo.
Até o dia 2 de agosto será necessário aumentar o teto do endividamento do Governo americano para evitar um calote.
Nesta quarta feira, os títulos do Tesouro americano já se valorizaram, como a refletir esse possível acordo.
O centro da resistência a Obama está na Câmara dos Deputados, controlada pelos Republicanos de oposição, que, por sua vez, são controlados pelo movimento de extrema direita Tea Party – aqui no Brasil representado, na última eleição, pelo candidato do aborto (no Chile pode), do Papa e da Chevron, o Padim Pade Cerra.
Obama backs deal
The White House said it was open to a short-term increase in the US borrowing limit to give “a few more days” for negotiations over a broad fiscal package.
“If both sides agree to something significant, we will support the measures needed to finalise details,” Jay Carney, White House press secretary, told reporters on Wednesday. A deal to raise America’s borrowing limit must be reached by August 2, or the US could default on its debt.
No mesmo jornal inglês Financial Times – o principal jornal de economia da Europa - há nesta manhã a notícia de que a França e a Alemanha chegaram a um acordo de última hora para evitar que a Grécia dê um novo calote.
Germany and France reach accord
The breakthrough came after Nicolas Sarkozy, French president, rushed to Berlin to hammer out a Greek rescue plan that could include €71bn (£63bn) in bail-out funds from global lenders and a €50bn tax on eurozone banks, proceeds from which would be used to buy back 20 per cent of Greece’s €350bn in outstanding debt.
The proposals, included in a plan circulated by the European Commission ahead of an emergency summit on Thursday, also include a bond exchange programme under which private owners of Greek debt would be encouraged to swap their holdings for new 30-year bonds. The swap plan could reduce Greek debt by an estimated €90bn. It would be offered, with credit sweeteners, to owners of bonds due in the next eight years.
Além de empréstimos internacionais, o plano prevê um aumento dos impostos sobre os bancos europeus e uma troca de dívida de curto prazo da Grécia por títulos de 30 anos.
O que significa que a Europa vai pagar caro por financiar a política econômica irresponsável da Grécia ( e outros ...).
Os bancos que emprestaram mal vão ter que engolir impostos e um “calote” disfarçado sob a forma de extensão do prazo de vencimento dos títulos gregos.
E, brevemente, os contribuintes europeus, generalizadamente, de uma forma ou outra, vão ter que salvar a Grécia e outras economias fracas com um aumento de impostos.
Diria Shakespeare, a Europa vai ter que pagar ao Diabo o que lhe deve.
E o americano também.
Quem mandou financiar múltiplas hipotecas sobre uma mesma propriedade no valor total de US$ 5,6 trilhões ?
Ou seja, oito vezes o PIB do Brasil.
O mundo não vai acabar.
Mas o europeu e o americano vão ficar mais pobres.
Paulo Henrique Amorim