Aécio não tem nada a declarar. Só vai com a ajuda do Teixeira
A edição que comemora os 17 anos da Carta Capital está impecável.
O diálogo entre Delfim e Belluzzo responsabiliza os bancos pela crise nos Estados Unidos e coloca os neoliberais no devido lugar – no “achados e perdidos”.
Engraçado é quando o Delfim diz que o Roberto Campos, o pai de todos os colonistas (*) do PiG (**), antes de liberal era inteligente.
Circunstância que não se encontra mais.
Delfim lembra de reunião que houve em 2008, logo após a quebra do banco Lehman, na sede do Banco do Brasil, em São Paulo.
Delfim, Belluzzo, Mantega, Meirelles e Lula.
Combinam duas estratégias.
Os bancos estatais abriam a burra do crédito para compensar o “empoçamento” dos bancos particulares.
E o Banco Central reduziria os juros.
Tudo combinado, o Meirelles aumenta os juros !
Se não tivesse feito isso, hoje, diz Delfim, a Selic não estava na casa dos 12%: muito abaixo.
Henrique Meirelles, como se sabe, presidiu o BankBoston.
E, no Banco Central do Brasil, dava a impressão de não se ter desincompatibilizado.
Celso Amorim se despede da coluna que escrevia na Carta com um excelente artigo para demonstrar que a política externa tinha que refletir a singularidade do Brasil.
Com a ajuda inesperada de Sartre, o Ministro da Defesa (do Brasil) expõe o abismo que o separa do antecessor na Defesa (de quem ?).
Vladimir Safatle discute o “capitalismo de Estado”, sistema que deve prevalecer com o fracasso neoliberal, e os riscos que ele engendra: o monopólio, por exemplo.
Safatle está preocupado com a concentração que se instalou na produção de etanol.
Ainda bem que não saiu do ventre do BNDES o Abiliô do Casino, pondera Safatle.
Marcos Coimbra trata de uma novidade de Dilma: ela é produto de uma passagem de Governo sem crise, e o que isso significa.
(A cada artigo de Coimbra, se percebe a distância que o separa, na Vox Populi, do Globope e do Datafalha.)
Mas, a orquestra do Mino tem um violino desafinado.
Para falar em nome da Oposição, do que seria o Brasil sem Dilma (e sem Lula), Aécio Never (assim mesmo, revisor), na pág. 56, expõe “uma nova agenda para o Brasil” (começa pela pobreza do titulo).
“Do combate ao hiperpresidencialismo (sic) à melhora da gestão do setor público ... temas que nos permitiriam traçar um verdadeiro projeto nacional.”
Aí, o curioso leitor procura o projeto.
Cadê o projeto do líder (às claras) da Oposição (porque, às escuras, sabe-se quem é) ?
“Corte de gastos”.
(É a velha lenga-lenga neoliberal, como se a Dilma não fizesse cortes.)
“Os investimentos públicos continuam mínimos.”
Aí, o nobre senador precisa escolher: ou ele corta os gastos, ou aumenta os investimentos públicos.
“Desoneração fiscal.”
É a velha lenga-lenga neoliberal: cortar impostos.
“Cortar impostos” é o apanágio do Tea Party americano, aqui exposto na campanha presidencial do Padim Pade Cerra - clique aqui para ler “Quem cometeu o atentado na Noruega ? – o pessoal do Cerra sabe”.
Segue adiante o projeto presidencial do Aécio Never.
“No campo político e ético, a renitente mistura entre o público e o privado”.
Aí, o amigo navegante pode ser assaltado por dúvida cruel: será que o ilustre senador mineiro se refere à nova privatização da Cemig ?
Por fim, ele combate o hiperpresidencialismo (talvez, como o Padim, ele seja parlamentarista, sistema derrotado duas vezes em plebiscito); as medidas provisórias; e prega um novo pacto federativo.
Se o nobre senador subir o teleférico, for lá prá cima do Alemão e pregar um novo pacto federativo vai fazer o maior sucesso: vão achar que ele quer derrubar o Ricardo Teixeira da federação.
Paulo Henrique Amorim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.