Aumento da renda abre a porta de saída do Bolsa Família
Saiu na manchete do Valor:
Desistência do Bolsa Família por iniciativa própria chega a 40%
Por Luciano Máximo
De São Paulo
Desde a criação do Bolsa Família, no fim de 2003, até setembro deste ano, 5,856 milhões de famílias deixaram de receber as transferências de renda do governo federal. Os motivos para a saída do programa são os mais variados, mas cerca de 40% dos ex-beneficiários fazem parte de núcleos familiares que aumentaram sua renda per capita e não se enquadram mais na atual faixa de pagamento do benefício, destinado a grupos com renda mensal de até R$ 70 por pessoa ou rendimento individual mensal na faixa que vai de R$ 70 a R$ 140.
Outras dezenas de razões justificam o cancelamento da transferência no período, como por exemplo o não cumprimento de condicionalidades na área de educação e saúde (117 mil famílias), revisão cadastral não concluída (613,1 mil famílias) e até mesmo decisão judicial (20 mil famílias).
Nas contas do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o estoque de famílias que tiveram as transferências canceladas por aumento de renda per capita é de 2,227 milhões nos últimos oito anos. Esse universo é composto principalmente por pessoas dentro do grupo que foram beneficiadas pela atual política de valorização do salário mínimo. Ao conseguir um trabalho formal elas podem ser identificadas pelos gestores municipais ou a partir da base de dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho. Além disso, também se destacam pequenos empreendedores que montaram negócios e quem foi alcançado pela aposentadoria rural ou pelo Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC), que pagam um salário mínimo para ex-trabalhadores rurais, idosos e deficientes.
(...)
Patrus Ananias, o homem que pegou a micro Bolsa Família do Farol de Alexandria e o transformou no maior programa de intervenção social do mundo, dizia que a elite ficava muito preocupada com a "porta de saída" do Bolsa.
Achava que o pessoal ficava lá e não ia trabalhar.
Era uma preocupação interessada: um atalho para chegar à tese do Bolsa Esmola, tese eloquentemente defendida por Mônica Cerra, a estadista chilena que abrilhantou a campanha presidencial de 2010.
Ananias dizia: o que me preocupa é a porta de entrada, a miséria e a falta de comida na mesa.
Pois, não é que o aumento real do salário mínimo leva as pessoas a atravessar a porta de saída ?
Esse Nunca Dantes ...
Paulo Henrique Amorim