Economia
Brasil ajuda Europa se mandar no FMI. FHC vai cortar os...
Saiu no Valor: Brasil ajuda Europa, mas via FMI.
publicado
28/10/2011
Saiu no Valor:
Por Claudia Safatle, Assis Moreira e Daniela Machado
De Brasília, Bruxelas e São Paulo
O governo brasileiro admite participar de um pacote de socorro aos países da zona do euro, mas, em princípio, limitará sua colaboração a um acordo bilateral com o Fundo Monetário Internacional (FMI), como fez em 2009. Não há nenhuma intenção, no momento, de o país se unir aos governos que vão capitalizar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira em cerca de € 1 trilhão. O aumento dos recursos do fundo foi um dos pontos do acordo entre os governos da zona do euro para debelar a crise, finalizado na madrugada de ontem.
O Brasil só usará parte das reservas cambiais para essa finalidade se a Europa consolidar um programa inquestionável de salvação dos países em dificuldades, como Grécia, Portugal, Espanha e Itália.
No auge do "crash" internacional de 2008/2009, os países emergentes se comprometeram a disponibilizar US$ 80 bilhões mediante a compra de notas do FMI. A China entrou com US$ 50 bilhões e Brasil, Rússia e Índia, com US$ 10 bilhões cada um. A posição do governo brasileiro tem sido a de que todos os recursos aportados no FMI em caráter de urgência se transformem em cotas. Essa é uma forma dos emergentes aumentarem, gradativamente, sua influência nas políticas do Fundo, ainda dominado sobretudo pelos EUA, que detêm 17% das cotas.
O novo acordo para tentar salvar a zona do euro foi recebido com ceticismo por especialistas em economia internacional. De forma geral, eles não acreditam que os países emergentes vão colocar quantias significativas no novo veículo de investimento a ser criado para socorrer os europeus. "Ter esperança de que os chineses ou mesmo o Brasil contribuam com recursos é irrealista", diz Barry Eichengreen, ex-consultor do FMI e economista da Universidade de Berkeley. "Não está claro por que os governos brasileiro ou chinês deveriam considerar isso como um investimento sensível".
Comprar bônus de Itália e Espanha não é atrativo para os países emergentes. "Os bancos europeus vão se desfazer de parte de suas divisões e ativos para elevar os níveis de capital. Então, os mercados emergentes são os compradores lógicos de parte desses negócios", diz o economista.