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Tijolaço e o presente de Natal do Rio e do Brasil

O Conversa Afiada republica post do Tijolaço: Um presente de Natal para o Rio e para o Brasil.
publicado 02/12/2011
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O Conversa Afiada republica excelente post do imbatível Fernando Brito no Tijolaço:

Um presente de Natal para o Rio e para o Brasil


Quem passa pelo Elevado da Perimetral, no Rio de Janeiro, vê dois gigantescos navios atracados ali.


À esquerda de quem olha o mar, o OSX-1, o primeiro navio-plataforma que operará nos campos do empresário Eike Batista, na Bacia de Campos. À direita, ainda maior, um grande petroleiro, com a pintura fosca pelo tempo e o nome Petrobras pintado meio “a bangu”.


E se o cidadão continuar rodando por ali, entrar na ponte Rio-Niterói e olhar à esquerda verá ainda outro intenso movimento à esquerda, onde navios da Petrobras trabalham na recuperação do cais de atracação de um velho e imenso  estaleiro.


O navio com o nome Petrobras era um petroleiro chamado Titan Seema, construído em 93 e tornou obsoleto por ter um conjunto de máquinas já inadequado para viagens transoceânicas. Foi comprado por cerca de R$ 40 milhões pela Petrobras, preço de liquidação para uma nave de tem 326 metros de comprimento, 57 de largura e  capacidade para armazenar 1,4 milhões de barris de petróleo, 40% mais que o navio gigante que está ao lado dele, no cais do Rio.


O estaleiro era o Ishikavajima, abandonado há quase 20 anos, depois de ter sido o maior do Hemisfério Sul e empregar mais de dez mil trabalhadores. Foi inaugurado por Juscelino, como parte de sua divisão de tarefas: indústria automobilística para São Paulo, indústria naval para o Rio de Janeiro.


Escrevi, semana passada, que os dois veteranos vão se encontrar e renascer.


E este encontro começa em duas semanas, quando a Petrobras receberá as propostas dos estaleiros para assumirem e reformarem o Ishikavajima – que voltará a chamar-se Inhaúma, que era seu nome antes de os japoneses fazerem ali a sua planta naval. Nele, serão transformados o Titan Steel – agora P-74 – e três outros navios semelhantes, que se tornarão FPSO ( sigla que quer dizer Produção, Armazenamento e Transbordo Flutuantes) para operar nas áreas do pré-sal conhecidas como Franco e Libra, na Bacia de Santos.


O custo é estimado em R$ 2 bilhões de reais, que serão empregados no reforço estutural dos cascos, reforma e ampliação de instalações diversas, construção de alojamentos e a colocação de sistemas de ancoragem dinâmicos, que permitem à embarcação compensar o movimento de correntes, ventos e marés e permanecer estacionado no centro de uma teia de dutos ligados ma diversos poços de petróleo.


Depois de renovados, outra licitação, cujo valor deve se um pouco maior, escolhe os responsáveis pela instalação, sobre o navio, da planta de processamento de petróleo que vai deixar pronto para embarque um volume de “apenas”, 150 mil barris (um bilhão de litros) de petróleo por dia.


A opção pela compra de petroleiros usados, uma tradição na construção de FPSOs, explica-se pelo fato de que estes navios ficarão praticamente fixos e – recuperados e reforçados estruturalmente – custam apenas uma pequena  fração do que custaria fazer e equipar um novo. E, ainda, reduz o prazo que ocupam nos estaleiros, abrindo espaço para novas encomendas. O preço do casco, numa FPSO, é de apenas 5% do valor total.


A  reforma do estaleiro e os quatro navios-plataforma e suas instalações vão gerar nada menos que 11 mil empregos diretos e recolocar, outra vez, o Rio à frente de uma vocação que, há mais de 50 anos, Juscelino consagrou trazendo o Ishilavajima para cá.


A partir de junho do ano que vem, um a um, os quatro gigantes vão ficar ali, com suas proas quase invadindo as pistas da Ponte Rio-Niterói, como um símbolo monumental do que, hoje, quem cruza a Baía da Guanabara, já percebe: o renascimento de uma região que sofreu, como poucas, a discriminação e até o ódio de governos soturnos do período militar, que detestavam o Rio de Janeiro e suas tradições de alegria, irreverência e liberdade.


O carioca, que é gente que veio para cá de todos os lugares, ao contrário do que fizeram pensar, trabalha muito. Mas, durante mais de 30 anos, tiraram-lhe o emprego.


Trabalhamos tanto e com tanto gosto que podemos dar nova vida a quatro mamutes do mar, que recebemos agora,  e  e vamos cuidar de mandar embora para alto mar o mais rápido possível, dizendo-lhes: vão, vão lá para o meio do mar, enfrentar as ondas e as profundezas,  cuidar de tornar o Brasil mais rico e melhor, para todos os nossos irmãos, de todas as partes deste país.