Extraído da newsletter diária do Bradesco enviada aos melhores clientes (sorry, periferia !).
Veja, amigo navegante, a responsabilidade do Bradesco.
Dizer ao seu melhor cliente que não é aconselhável investir no Haiti, como recomenda a Urubóloga – clique aqui para ler "Dilma diz que parada na economia foi deliberada, mas a Miriam discorda veementemente".
O Florisbal, presidente da Globo, que, certamente, recebeu a newsletter, deve estar aliviado.
Quem manda assistir ao Bom (?) Dia Brasil ?
Veja, amigo navegante, o que diz a equipe do Octávio de Barros, economista que não chega a ter o prestígio universal da Urubóloga, mas que é respeitado em alguns círculos:
A despeito da estabilidade do PIB do terceiro trimestre, esperamos uma retomada nos últimos meses deste ano
O PIB brasileiro mostrou estabilidade no terceiro trimestre deste ano em relação ao período anterior, com ajuste sazonal, e registrou alta de 2,1% na comparação interanual, conforme divulgado ontem pelo IBGE. O resultado corrobora a desaceleração já apontada por outros indicadores; as taxas registradas anteriormente foram 0,8% (revisada de 1,2%) e 0,7% (revisada de 0,8%), respectivamente, no primeiro e no segundo trimestres.
A nosso ver, esse movimento de forte desaceleração, levando a um raro momento para os padrões da série histórica do PIB no qual a demanda doméstica tem desempenho inferior ao do PIB, deve ser lido à luz dos efeitos defasados do aperto de política econômica iniciado no final de 2010 (elevação de juros, medidas macroprudenciais, desaceleração dos gastos públicos e de empresas estatais), no contexto de pressões inflacionárias observadas naquele momento. Além disso, a variação nula da atividade econômica entre julho e setembro refletiu a desaceleração generalizada entre os componentes do PIB.
Uma exceção notável, sob a ótica da oferta, ficou por conta da agropecuária (+3,2%, após a contração de 0,6% no segundo trimestre). O recuo de 0,9% do PIB industrial – o maior desde o primeiro trimestre de 2009 – foi puxado principalmente pelo desempenho ruim da indústria de transformação, na qual se notam estoques elevados. De forma surpreendente para nós, o PIB de serviços registrou variação negativa (a primeira desde o quarto trimestre de 2008), de 0,3%. Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias registrou ligeira queda na margem, de 0,1%, enquanto a formação bruta de capital fixo (FBCF) recuou 0,2%, pior resultado negativo desde o primeiro trimestre de 2009, no auge da crise global.
É importante destacar, contudo, que a taxa de investimento (aqui definida como a relação FBCF/PIB) atingiu o patamar de 20,0% no terceiro trimestre, o que constitui algo pouco comum na série histórica do PIB (trata-se da terceira vez, desde a implementação do Plano Real, que esse nível é atingido ou ultrapassado em um trimestre, em valores correntes). Com isso, estimamos que a demanda doméstica, excluindo variação de estoques, recuou 0,2% na margem, o primeiro resultado negativo desde o período de recessão, observado durante a crise (expansão no segundo trimestre foi de 1,0%). Os dados já divulgados de outubro sugerem que o PIB do quarto trimestre está apresentando uma recuperação, porém limitada pelo fraco desempenho da indústria, ainda com estoques elevados.
Preliminarmente projetamos alta de 0,3% para o PIB do último trimestre, que, se confirmada, deverá resultar em uma expansão inferior a 3,0% em 2011. Entretanto, acreditamos que os dados de novembro (como as vendas de veículos) e dezembro deverão compensar esse início fraco do trimestre. Assim, revisamos a nossa projeção para o ano de 3,2% para 3,0%. Para os períodos subsequentes, deveremos ter uma retomada um pouco mais evidente, influenciada pelos estímulos de política econômica que estão sendo implementados agora.
Naturalmente, o fator de risco continua sendo a evolução do cenário global, no qual deverá prevalecer a desaceleração do crescimento.