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Mino e a elite de São Paulo: é a mais reacionária

O Conversa Afiada reproduz artigo de Tão Gomes Pinto, no site da Carta Capital
publicado 07/12/2011
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O Conversa Afiada reproduz artigo de Tão Gomes Pinto, no site da Carta Capital:


 

Na Bahia, Mino define São Paulo: o mais reacionário


A revista Carta Capital organizou na terçca-feira 6, em Salvador, o encontro “Nordeste – Século XXI”.


Foi no site da revista que eu li sobre a abertura do evento, onde Mino Carta, diretor da Carta Capital,  disse, entre outras grandes verdades, que “estava vindo do Estado mais reacionário do Brasil”. Ou seja, de São Paulo.


Mino Carta tem uma história única de serviços prestados ao povo brasileiro na área do jornalismo. Trabalhamos juntos, creio, mais de 18 anos. Somos jornalistas sobreviventes. Atravessamos, não sem amarguras, os chamados anos de chumbo.


Na revista Veja, foram sete, oito anos convivendo com a censura e a repressão mais absurda. E o Mino assumindo um combate  desigual.


Enfrentava, sozinho, a ditadura e seus parceiros da chamada sociedade civil.


Até o dia em que, um civil, o então ministro Armando Falcão – que batia continência a um sub-tenente se cruzassem na mesma calçada – chamou o Robert Civita, dono da Abril,  para uma conversa e perguntou: “Por que vocês insistem com esse tal de Mino Carta?” Civita respondeu: “É porque ele é simplesmente o melhor jornalista do Brasil”. Ao que o ministro Falcão observou: “Por que você não experimenta o segundo melhor jornalista do Brasil?”


Essa é uma versão da história, contada para mim pelo próprio Civita.


Verdadeira ou não, o  recado do “sistema” estava dado.  Robert Civita captou a mensagem.


Atiçou as chamas de um doloroso processo de fritura do Mino Carta, que na verdade se iniciara desde o primeiro número de Veja.


Desse processo, Mino foi obrigado a sair para fundar a revista IstoÉ… Foram mais sete anos juntos, até que nos separássemos de vez, por um longo período.


Leia mais:

A ‘aula’ de jornalismo que o general deu a Mino Carta

A vitória da direita: a pós-política

Bato na mesma tecla


Mino Carta nasceu na Itália, mas poucos brasileiros entendem do Brasil como ele.


Percebeu lá atrás que o grande problema do país era a elite brasileira, ávida, egoísta, incapaz de ceder um pedacinho que seja das suas vantagens e benesses.


São Paulo, tanto o Estado quanto a cidade, sem dúvida, sempre foi a melhor escola para se observar esse fenômeno. Uma região onde a média dos salários dos ricos é quase 60 vezes maior que o salário de um trabalhador.


E não é por falta de alerta.


Ainda ontem, a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) produziu um documento onde se diz textualmente que “o contrato social em vigor está começando a descarrilar em muitos países”.


Ou seja, a história de que o crescimento econômico geraria automaticamente uma melhor distribuição de renda não passou de uma ilusão. Ninguem progride apenas se alimentando das sobras da sociedade de consumo.


Ainda segundo a OCDE, a distância entre ricos e pobres acaba de atingir o maior nível em 30 anos.


O relatório recomenda que os países deveriam analisar a possibilidade de aumentar a taxação sobre os ricos como a única medida para reduzir o desequilíbrio.


Pois é, Mino Carta…  Pena que esses relatórios sejam simplesmente ignorados pela ignorância e pretensão dos herdeiros da “casa grande”, como você não se cansa de avisar.