"O Brasil está no caminho certo". Depois da crise, pula na frente
O ansioso blogueiro foi nesta segunda-feira um dos expositores numa reunião fechada com presidentes de empresas brasileiras.
O outro palestrante é CEO para o Brasil de um dos maiores bancos do mundo.
Veja o que diz ele:
- a crise do endividamento das pessoas físicas americanas acabou.
O problema agora é político.
- a economia americana vai crescer 2,5% em 2012.
2,5% em cima de um PIB de US$ 14 trilhões não é de se jogar fora ...
Para comparar, quando o Brasil crescer 3,5% ou 4% em 2012 será sobre um PIB de US$ 2 trilhões.
- o problema é a Europa, enquanto D. Merkel não abrir o cofre para salvar o Euro.
Mais cedo ou mais tarde, ela ou o sucessor fará isso.
A alternativa será uma corrida aos bancos.
Mas, o Euro ficará de pé e a Grécia não sairá da zona do Euro.
D. Merkel e Sarkozy vão ter que esticar a dívida dos bancos e engolir um bom prejuizo.
A Europa - Alemanha e França - vão ter que aceitar um Plano Brady (que os bancos americanos tiveram que engolir com a dívida dos latino-americanos: algo como 30% de prejuízo).
Se a Europa quebrar, o risco de crédito dos bancos americanos é de 12%, o do Brasil é 13% e o da Inglaterra ... de 70% !
Quer dizer, a Inglaterra deve rezar todo dia para que nenhum banco europeu quebre.
E, para não quebrar, D Merkel não pode viver nessa boa vida de exportar com o Euro com a cotação sub-avaliada do dracma grego, da lira italiana ou do peso espanhol.
Assim, qualquer um cresce e mantem o emprego, como D Merkel.
A lira, o dracma e o peso não podem se desvalorizar, para voltar a exportar.
Tem que ir de pires na mão ao Banco Central Europeu.
Mas, o Euro vai ter que se desvalorizar ainda mais para ajudar a recuperação.
Como diz um economista americano - segundo este CEO: ao fim e ao cabo nenhum grande banco europeu vai quebrar como o Lehman americano.
O que vai haver é um monte de Citibanks, bancos estatais disfarçados.
Os bancos franceses, italianos são falsamente privados.
Até o Deutsche Bank é hoje semi-estatal.
- a China vai crescer 7% este ano, o que é uma aterrissagem suave, com solavancos.
A China tem US$ 3 trilhões em reservas cambiais.
A maior fatia em títulos americanos - ou seja, é a maior garantidora da solvência americana.
- o Brasil está no caminho certo.
Se crescer mais de 4%, vai faltar mão-de-obra e a infra-estrutura não aguenta.
O arsenal de estímulos de que o Governo brasileiro dispõe para reanimar a economia é imenso.
A economia mundial se recupera no segundo semestre e o Brasil, de novo, como na crise de 2008, vai saltar na frente.
O Brasil tem US$ 350 bi de reservas e $300 em títulos do Tesouro americano que rendem 0,25%.
O que eu faria no lugar do Alexandre Tombini (presidente do Banco Central) ?
Exatamente a mesma coisa.
O Brasil lançou títulos no mercado mundial e pagou 3,5%; a Vale, 4%.
Muito bom, embora a demanda tenha sido um pouco menor do que das últimas vezes.
A China passou a investir em portfólio brasileiro - títulos, papéis - além de investimento direto em empresas.
O que acentua a integração economica do Brasil com a China.
Para onde a China for, o Brasil vai.
Qual o único temor ?
A inflação com a memória da indexação.
O que fazer ?
O que o Tombini faz.
E as obras do PAC, Minha Casa, Copa, Olimpíadas - isso é consumo na veia.
Classe C empregada e comprando.
Dez por cento do corpo de funcionários desse banco no Brasil é de estrangeiros, especialmente argentinos e uruguaios.
Única zona cinza no cenário: D. Merkel vai pagar a conta ou vai haver uma corrida aos bancos europeus ?
No banco desse CEO acredita-se que há entre 10 e 15% de possibilidades de uma corrida.
Em tempo: ao fim de duas horas de exposição e acalorados debates, nenhum presidente de empresa invocou argumentos extraídos da Urubologia.
Estão todos - eram 42 presentes - otimistas.
E ninguém ali parecia Dilmista.
Coitada da Urubologia.
Não faz sucesso em Madureira nem entre Presidentes.
Deve ser triste.
Paulo Henrique Amorim