Brasil, Índia e Coréia crescem antes. Xô, Urubólogos
Saiu no Valor artigo de Dani Rodrik:
Os vencedores na nova economia
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Independentemente de como enfrentem suas dificuldades atuais, a Europa e os EUA sairão (da crise) com dívida elevada, baixas taxas de crescimento e política interna contenciosa. Mesmo no melhor dos cenários, em que o euro permaneça intacto, a Europa ficará emaranhada na árdua tarefa de reconstruir a sua esgarçada união. E, nos EUA, a polarização ideológica entre democratas e republicanos continuará a paralisar a política econômica.
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Os que se verão em situação relativamente melhor compartilharão três características. Primeiro, não ficarão pressionados por níveis elevados de dívida pública. Segundo, não ficarão excessivamente dependentes da economia mundial e seu motor de crescimento econômico será interno, em vez de externo. Finalmente, serão democracias robustas.
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Crescimento puxado por demanda doméstica será uma estratégia de crescimento mais confiável do que o gerado por exportações. Isso significa que países com um grande mercado interno e uma classe média próspera terão uma vantagem importante.
Finalmente, as democracias terão melhor desempenho, porque dispõem de mecanismos institucionalizados de negociação de conflitos, não disponíveis em regimes autoritários.
Democracias como a Índia podem parecer, em determinados momentos, mover-se muito lentamente e serem propensas à paralisia. Mas proporcionam espaços para consultas, cooperação e negociação de compromissos entre grupos sociais antagônicos, cruciais em momentos de turbulência e de choques.
Na ausência de tais instituições, conflitos distributivos podem facilmente transbordar para uma forma de manifestações de protesto, distúrbios nas ruas e desordem civil. É nisso que as democráticas Índia e África do Sul levam vantagem sobre a China ou a Rússia. Países que caíram nas garras de líderes autocráticos - como a Argentina e a Turquia - estarão também em desvantagem cada vez maior.
Um importante indicador da magnitude dos desafios da nova economia mundial é que poucos países satisfazem os três requisitos. De fato, algumas das mais espetaculares histórias de sucesso econômico de nosso tempo - a da China, em especial - não cumprem mais de um dos requisitos. Será um momento difícil para todos. Mas alguns países - como o Brasil, a Índia e a Coreia do Sul - estarão em posição melhor do que os demais. (Tradução de Sergio Blum)
Dani Rodrik professor de Economia Política Internacional na Universidade de Harvard, é autor de "The Globalization Paradox: Democracy and the Future of the World Economy (O paradoxo da globalização: a democracia e o futuro da economia mundial). Copyright: Project Syndicate, 2012.
Não deixar de ler também: “OCDE diz que o Brasil cresce antes”.
Dentre os mais respeitados economistas do mundo, Rodrik foi um que não caiu no conto da Carochinha de que a globalização e o neolibelismo (*) iam salvar a Pátria.
Sempre atenuou o impacto da globalização sobre o crescimento e acentuou o papel dinâmico que o intervencionismo estatal e o protecionismo também moderado podem desempenhar
É daquele tipo de gente que a Urobologia não cita.
Prefere levar o Farol de Alexandria a sério.
Hoje, no Estadão, na página A8, sociólogos enaltecem o obscuro prêmio que FHC recebeu nos Estados Unidos, quando aproveitou para falar mal do Brasil - o que fez sempre ao atravessar a linha do Equador em direção ao Norte.
Chegam a dizer que a obra teórica do Grande Sociólogo teve impacto na realidade.
Aí, eles têm razão: FHC levou a “teoria da dependência” à prática.
E tirou os sapatos na Economia e na Política externa.
Dependência completa !
Que o Rodrik não subscreveria.
Paulo Henrique Amorim
(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.