A indústria naval é uma indústria automobilística
Daqui a três anos, a indústria naval brasileira vai empregar o mesmo que a indústria automobilística: 100 mil trabalhadores.
Para cada emprego que a indústria naval cria diretamente, outros cinco sao criados na indústria de "navipeças".
O Brasil precisa de 50 plataformas de exploração de petróleo.
50 sondas.
500 embarcações e 130 petroleiros.
É uma lista de compras equivalente a US $ 200 bilhões.
O Brasil já tem aqui 52 estaleiros - e tem dez em construção.
Empregam 60 mil pessoas.
Tudo isso se deve a um comício do candidato Lula da Silva ao então estaleiro Verolme em Angra dos Reis, na campanha de 2002, em que derrotou o Cerra, fragorosamente.
Fernando Henrique e sua Petrobrax quebraram a indústria naval brasileira.
Empregava 2 mil pessoas.
A Petrobrax de Francisco Gros acabara de anunciar que ia comprar uma plataforma em Cingapura, 10% mais barata que a produzida aqui, pelos tupiniquins.
Lula avisou ali que a primeira coisa que faria seria rasgar o contrato de compra do Gros, um herói do neo-libelismo (*) tucano, e transferir a encomenda a um produtor nacional, com trabalhadores "tupiniquins".
Depois, veio a descoberta do pré-sal.
O setor de óleo e gás hoje representa 10% do PIB brasileiro.
Daqui a pouco tempo chegará a 20% do PIB.
E a Petrobras, desde que Dilma Rousseff e Graça Forster trabalhavam juntas no Ministério de Minas, adotou a política que Alexander Hamilton impôs à jovem nação americana, no inicio do século XIX: tem que comprar produto nacional, com trabalador e empresário "tupiniquins".
Todas essas reflexões surgem de interessantes entrevistas que o amigo navegante pode assistir, hoje, às 22h15, na RecordNews, depois do programa do Heródoto Barbeiro.
Augusto Mendonça, presidente da Abenav, Associação das empresas do setor Naval, e Eugenia de Melo, superintendente da área de petróleo e Gás da Caixa Econômica são os entrevistados.
Mendonça diz que a indústria nacional tem condições de competir, mano-a-mano, em preço e qualidade, com Cingapura em produtos off-shore.
Com a Noruega, em barcos de apoio à exploração.
Mas, apanha da Coreia e da China, ainda, na produção de navios.
Cada um estaleiro deles produz 1 navio por semana.
No Brasil, um por ano.
Mas, chegaremos lá.
Porque dinheiro não vai faltar.
Tem o Fundo de Marinha Mercante, com dinheiro dos impostos de fretes.
Tem o dinheiro do BNDES, do Banco do Brasil e, desde 2010, da Caixa.
A Caixa financia em toda a cadeia de produção da indústria naval.
Ate porque a Caixa pensa no desenvolvimento regional, na geração de renda.
O operário metalúrgico de uma indústria financiada pela Caixa pode ser o comprador de um imóvel finaciado pela Caixa.
Dos 50 projetos da carteira da Caixa, 80% são projetos liderados pela Petrobras.
E, como diz o Mendonça, o petróleo está lá embaixo.
À nossa espera.
(E não da Chevron, como estaria se, em 2002, outro tivesse sido o eleito.)
São reservas de 100 bilhões de barris.
Como as de um pais do Oriente Médio.
(Já imaginou isso na mão dos tucanos ? Do pessoal da Privataria ?)
Paulo Henrique Amorim
(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.