Por que a Europa foi para o saco. Culpa da Urubóloga !
Neste fim de semana, o ansioso blogueiro teve o raro prazer de ler de Paul Krugman no ensaio “como a defesa da austeridade econômica foi para o saco (tradução não literal)”, na última edição da The New York Review of Books.
As setas inflamadas de Krugman apontaram para o peito de Kenneth Rogoff, que foi do FMI e do Banco Central americano, e se tornou o máximo-guru da teoria neolibelês (*).
Os Estados Unidos e o PiG (**) brasileiro levam o Rogoff muito a sério.
E a Europa também, a ponto de seu último trabalho, “Crescimento em tempo de dívida”, ser citado pelos fundamentalistas dos juros nos bancos centrais e instituições monetárias, depois que a Grécia quebrou.
Krugman mostra que, depois da crise de 2008, os Estado Unidos e a Europa até que tentaram algum keynesianismo, alguma intervenção: fazer o Estado gastar para criar demanda.
Krugman explica de forma trivial a necessidade de uma intervenção estatal em tempo de crise, com o princípio da interdependência: o seu gasto é a minha renda; o meu gasto é a sua renda.
Se nós dois tentarmos pagar a dívida com a redução dos gastos, a renda dos dois vai cair.
E essa redução da renda pode aumentar a nossa dívida, além de produzir desemprego em massa.
Contra essa obviedade desconcertante, Rogoff e Carmen Reinhardt demonstraram de forma categórica que a Histórica não perdoou a economia que tivesse uma dívida correspondente a 90% do PIB.
Passou dos 90% - como tinha sido o caso da Grécia -, a economia ia pro brejo !
(A do Brasil está perto de 50% do PIB.)
Essa “descoberta” assustadora ajudou a reverter as políticas econômicas suavemente expansionistas nos Estados Unidos e da Europa.
Dívidas, jamais !
E passaram todos a cortar os gastos de forma radical: Grécia, Espanha, Portugal … uma carnificina atrás da outra.
E o desemprego se tornou em massa: 25 milhões na Europa !
60% dos jovens espanhóis !
Até que Thomas Herndon, estudante de graduação da Universidade de Massachusetts, Amherst refez os cálculos do Rogoff e descobriu um erro primário: o jenial neolibelês (*) errou a “planilha Excel".
Um pecado ginasiano !
A teoria dos 90% desabou sob o peso da arrogância.
Krugman demonstra que não há relação entre mais dívida e menos crescimento.
É papo neolibelês sem fundamento histórico.
Aí, vem a tese de Krugman para explicar por que a tese furada do Rogoff foi aceita tão rápido quanto radicalmente.
Porque há uma lógica que os brasileiros conhecem de cor e salteado.
Cortar investimentos e privatizar.
Assim, os Governos fazem caixa e pagam os bancos.
De quebra, juros altos.
Para engordar os bancos.
É uma política para os credores.
E os devedores que se lixem.
Na fila do desemprego.
Enquanto não acabam com o seguro-desemprego.
Em tempo: no Brasil, os fundamentalistas dos juros têm à frente a Urubóloga, que, como se sabe, foi o melhor pensador neolibelês que o Brasil conseguiu produzir. Não chega a ser um Rogoff, mas tenta.
Em tempo 2: como lembra o Bessinha, o Pinochet e o Videla foram pioneiros do neolibelismo (*) - e outros crimes – na América Latrina.
Paulo Henrique Amorim
(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.