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Putin e a Síria: o declínio de um império

O Presidente da Rússia assumiu o centro do palco. E não será para um monólogo.
publicado 12/09/2013
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O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, escreveu artigo na página de Opinião do New York Times com o título “um apelo à cautela (na Síria)”.

Na primeira página, o título principal do New York Times diz que, enquanto Obama suspende a ação militar, Putin toma o centro do palco.

O NY Times não embarca na cantilena conservadora reproduzida nos telejornais americanos: que Obama é um fraco, que tem uma política externa de zig-zag.

O jornal prefere se referir ao fato de que o mundo mudou e, inevitavelmente, Obama muda com ele.

Que não há mais espaço para um valentão do Texas, George W. Bush, que, foi para o Iraque e o Afeganistão à revelia da ONU – e teve que sair de lá sem resolver os problemas que ele próprio criou.

O artigo de Putin é sinal de que hegemonia americana começa a ser contestada de forma vigorosa no meio de uma crise política e militar.

Putin se dirige à sociedade americana – através do NY Times – para dizer umas verdades que ninguém ousou dizer, com o dedo em riste, desde que o Muro de Berlim caiu.

Potencialmente, diz Putin, um ataque à Síria disseminaria o terrorismo, impediria um acordo sobre a questão nuclear iraniana e o conflito entre Israel e os palestinos.

Desestabilizaria o Norte da África e o Oriente Médio.

Putin lembra que não tem nenhum democrata na Síria – não se trata de atacar para preservar a Democracia.

Trata-se de uma Guerra Civil entre o Governo e a oposição de um pais multi-religioso.

Vários membros da Al Qaeda lutam contra o Governo.

Ninguém duvida que se tenha usado arma química na Síria.

Mas, Putin acredita que tenha sido usada pela oposição, para provocar a intervenção de seus poderosos patrocinadores estrangeiros, que estariam, então, se aliando aos fundamentalistas.

Putin lembra que as intervenções no Iraque, no Afeganistão e na Líbia resultaram em desastres.

Por isso, ele prega o respeito à lei, ou seja, à ONU e ao Conselho de Segurança da ONU.

O fecho do artigo é uma lição, que os colonizados do trópicos, os colonistas (*) deveriam considerar:

“É extremamente perigoso encorajar as pessoas a acreditar que são excepcionais. Há países grandes e pequenos. Ricos e pobres. Com longa tradição democrática e outros que ainda procuram seu caminho para a Democracia. Suas políticas diferem.  Somos todos diferentes, mas, quando pedimos a benção de Deus, não podemos esquecer que Deus nos criou iguais.”

Navalha

Mais do que o “excepcionalismo” americano, o que Putin dramatiza é o início do fim da hegemonia americana.

Se já não era exclusiva, agora, passa a ser compartilhada, progressivamente, primeiro pelos que têm a bomba atômica – como Putin e a China – e, pouco a pouco, também pelos que ainda não têm a bomba, mas dispõem de outras poderosas armas – como a força econômica.

O Brasil, por exemplo.

Que só a Big House não leva sério.

O declínio do Império Americano será mais rápido do que a capacidade de a elite brasileira percebê-lo.

Putin assumiu o centro do palco.

Mas, não interpretará um monólogo.

É uma das estrelas de um elenco variado – e poderoso.

 




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Paulo Henrique Amorim


(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.