Crescer ou empregar. O Brasil tem a resposta ?
Saiu no New York Times, artigo de Joe Nocera, na página de Opinião, para desespero do Mainardi, que a Luiza afogou num copo vazio:
Does Brazil Have the Answer?
(…) Brazil is a country that has seen income inequality drop over the last decade. Unemployment is at near record lows. And the growth of the middle class is quite stunning. By most estimates, upward of 40 million people have been pulled out of poverty in the last decade; extreme poverty, says the government, has been reduced by 89 percent. Per capita income has continued to grow even as G.D.P. growth has slowed.
(…)
Too much of the economy was in the hands of the state, I was told, and, what’s more, it was a consumption-based economy that lacked necessary investment. And on and on. I got the sense that many economists believe that Brazil had been more lucky than good, and now its luck was running out. In a recent article about the Brazilian economy, The Economist put it starkly: “The Deterioration,” read its headline.
(…)
Brazil’s admittedly leftist government doesn’t spend a lot of time worrying about growth for its own sake, but rather connects it with alleviating poverty and growing the middle class. Thus, it has a high minimum wage, for instance. It has laws making it exceedingly difficult to fire a laggard employee. It controls the price of gasoline, helping to make driving affordable.
(...)
And most striking of all — at least from the point of view of an American — for the last 10 years, Brazil has had a program called Bolsa Família, which essentially hands money to mothers living in poverty. In return, they have to ensure that their children go to school and avail themselves of health care services. There is no question that Bolsa Família has been enormously effective in reducing poverty.
By contrast here in the United States, Congress just refused to extend unemployment insurance. The farm bill envisions cutting back on food stamps. Various other programs to help the poor or the unemployed have been reduced. Even those who oppose such heartless cuts assume that once the economy comes back, all will be well again. Growth will take care of everything. Thus in America, we tend to view economic growth less as a means to an end than an end in itself.
It is, of course, possible that Brazil’s economy could hit the wall and some of the gains made could be reversed. A new emphasis on investment and entrepreneurship could probably help it. The spontaneous protests last summer were the results of the new middle class wanting the sorts of things that the middle class always wants: better services, higher quality schools, less corruption. Still, the Brazil example gives rise to a question we don’t ask enough in this country:
What’s the point of economic growth if nobody has a job?
Tradução não literal:
A desigualdade de renda no Brasil caiu na última década. O desemprego bate record negativo. 40 milhões de pessoas saíram da pobreza. A pobreza extrema se reduziu em 89%. A renda per capita continua a subir embora o PIB tenha diminuído.
Os (economistas neolibelês (*) dos bancos – PHA) reclamam que a economia depende muito do Estado, que é uma economia baseada no consumo e que precisa investir mais e blá-bláblá … E que o Brasil tem mais sorte do que é competente. A revista Economista chegou a publicar um artigo de título “A Deterioração”.
Mas, o Governo que se declara de esquerda não gasta muito tempo pensando em crescimento como um fim em si mesmo, mas, ao contrário, se liga em aliviar a pobreza e aumentar a classe média.
O Brasil tem um salário mínimo alto. E legislação trabalhista que torna muito difícil demitir um empregado. Controla o preço da gasolina o que barateia usar o automóvel.
O mais impressionante – do ponto de vista de um americano – é um programa chamado Bolsa Família – que dá dinheiro a mães que vivem na pobreza –, que existe há dez anos. Não há a menor dúvida de que o Bolsa reduz a pobreza.
Os Estados Unidos, ao contrário, se recusaram a estender o seguro desemprego e uma lei para proteger os fazendeiros vai prejudicar os que vivem de um programa de alimentação popular. Muitos americanos acham que basta a economia voltar a crescer que tudo se resolve. Para nós, americanos, crescer é um fim em si mesmo.
O Brasil tem muitos problemas, pode bater na parede. Houve protestos em junho por serviços de mais qualidade. É preciso enfatizar o investimento e o empreendedorismo.
Mas, o Brasil levanta uma questão que nós neste país não costumamos nos fazer: de que adianta o crescimento econômico se ninguém tem emprego ?
(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.