O povo aderiu à Copa. Isso é lulização...
O Conversa Afiada publica artigo de Elmar Bones, excelente jornalista, editor do "Já História", que está nas bancas com uma edição especial - valiosa - sobre "1964 - assim começou o Golpe".
O povo aderiu à Copa. Isso é lulização...
de Elmar Bones
Claro que o PIG não vai reconhecer, mas a verdade é essa: a Copa no Brasil é obra do Lula. Não, um palpite ao acaso.
É uma construção política à qual muito pouca gente deu atenção ou entendeu.
Oficialmente, a Copa 2014 começou no dia 30 de outubro de 2007, quando a FIFA anunciou a vitória do Brasil, que disputava a indicação com os Estados Unidos, a Austrália e o México.
Na verdade, começou bem antes, quando agentes públicos e privados foram à luta para garantir a candidatura do Brasil, como país sede.
Envolveu ações diplomáticas, para obter a indicação dos outros países do continente sul-americano, exigiu articulação interna, para construir uma “base política” em torno da Copa.
A comissão da FIFA que visitou o país, antes da escolha, pode constatar o amplo apoio de todas as correntes políticas e até o apoio popular.
O governo apresentou uma pesquisa em que a maciça maioria da população brasileira (86%) apoiava a Copa no Brasil. A presença de governadores de oposição no anúncio das 12 cidades-sedes chancelou a “unidade” em torno do projeto.
A organização da Copa 2014 tornou-se, desde então, um projeto estratégico do governo brasileiro.
Envolveu nove ministérios e cinco órgãos da assessoria direta da Presidência da República, tendo como coordenador o ministro dos Esportes, e acompanhamento estrito da presidente da República. Não acompanhou quem não quis.
A escolha do Brasil para sediar a Copa de 2014 se deu num momento excepcional da vida nacional e numa fase peculiar do cenário internacional.
O governo e as instituições do Brasil eram estáveis, a economia uma das que mais cresciam no mundo, com níveis de inclusão social sem precedentes. E o presidente era um operário que batia recordes de popularidade
Nem a crise financeira que abalou as economias centrais em 2008, parecia desviar o país do seu rumo de crescimento.
O mundo tinha naquele momento uma curiosidade enorme pelo Brasil – seu patrimônio natural, sua cultura, suas riquezas, seu povo, sua diversidade, as suas oportunidades de negócios.
A Copa de 2014 iria fechar o foco das atenções mundiais no Brasil. Isso era o que se podia pensar e certamente se pensou naquele momento.
As pesquisas mostraram ao governo que o povão sentia orgulho pela boa imagem que o país fazia no mundo e “queria mostrar seu valor”.
Esse era o cenário naquele momento em que o Brasil lutou e conseguiu ser indicado para sediar a copa da FIFA de 2014.
Não é o cenário em que ela se realiza.
As manifestações de junho mostraram que a Copa é uma das bandeiras do descontentamento, do desconforto com certas situações que se perpetuam e não respeitam nem mesmo o futebol, que é a grande metáfora da ação coletiva.
As imagens de casas sendo derrubadas por tratores, diante de mulheres chorando, como aconteceu na Vila Tronco, em Porto Alegre, são inconciliáveis com a alegria da festa do futebol, no país do futebol.
Lula trouxe a Copa no final de seu segundo mandato. Era um presidente consagrado, que conseguiu eleger uma anti-candidata, como diziam de Dilma Rousseff quando seu nome foi lançado.
Ela herdou de Lula o mandato, a popularidade e a Copa. A Copa não mais como um sonho, um projeto, mas como uma realidade – estádios, aeroportos, vias de acesso, e tudo mais. Em certo momento pareceu uma “herança maldita”.
Mas as obras essenciais foram feitas e, mais importante, o povo aderiu à Copa, o que pode resultar num gol de placa do Lula.
Haja editorial para dizer que a Copa não terá nenhuma influência na eleição.
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