NY Times: a Copa é socialista
O Conversa Afiada recomenda o artigo de Roger Cohen, na página de "Opinião" do New York Times, onde "opinião" tem página determinada; não é como no PiG (*), que destila opinião até no Horóscopo e na previsão do tempo:
The Socialist World Cup
Cohen fala da manipulação do futebol pelo dinheiro e a transformação de Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar em marcas internacionais, como se fossem estrelas de Hollywood.
Lamenta que grandes times como o Paris Saint-Germain, o Manchester City e o Chelsea tenham ajudado a transformar bilionários em bilionários ainda mais ricos.
Jogadores sobre-pagos, negócios nebulosos e agentes inescrupulosos se tornaram parte do cenário corrompido pelo dinheiro e as imagens fabricadas.
(Como diz o Conversa Afiada, assim como o mensalão do PT, o Neymar está por provar-se.)
Aí, Cohen dá o exemplo do argentino Diego Simeone, bem sucedido técnico do Atlético Madrid e seu "futebol socialista".
Com um time barato, salários que são uma fração das estrelas do Real Madrid e do Barcelona, ganhou La Liga (campeonato espanhol) e quase, quase ganha a Liga dos Campeões da Europa.
O que o Atlético tem, diz Cohen, é unidade, coesão, deterninação, energia e auto-confiança. A cultura de grupo superou a da Celebridade. Simeone fala com orgulho de sua vocação trabalhadora a uma Espanha de jovens maciçamente desempregados: "Nós nos vemos refletidos na sociedade, nas pessoas que tem que lutar", ele disse. "O povo se identifica conosco. Nós somos uma fonte de esperança."
Cohen não descarta que, a certa altura, um skeik do petróleo contrate o Simeone e o time do Atlético. (O traíra do Diego Costa já saiu de lá ... - PHA)
Por fim, Cohen se diverte com uma furiosa tucana americana, Ann Coulter, que lamenta profundamente "a decadência moral" americana, porque passou a gostar de futebol.
Um esporte, diz ela, "em que a vitória pessoal não conta", em que "não há heróis".
Diz o Cohen, com a elegância que por aqui não se nota na treva pigal:
"Como uma idiota sabida, ela tropeça num grão de verdade e cai na total ignorância."
A força dos Estados Unidos, diz Cohen, é exatamente se reinventar através da imigração, que fez dos Hispânicos 17% da população do país.
Eles revigoraram o futebol americano, que passou a fazer sucesso - nas mãos de um técnico alemão, Jurgen Klinsmann.
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.