Levy, a Merkel é o maior monstro da Europa
Amigo navegante sugeriu republicar essa traduçao de um artigo no Guardian inglês:
Merkel é o maiormonstro da Europa
Owen Jones, no The Guardian
Angela Merkel é a líder mais monstruosa da Europa Ocidental desta geração. Políticos que infligem crueldade econômica em larga escala e destróem a vida de milhões de pessoas acabam não tendo que enfrentar a Justiça.
Mas, Merkel, sem dúvida, permanece sob julgamento e foi condenada no banco dos réus da História.
Sumos sacerdotes da austeridade da União Européia evocam as palavras do inflamado discurso de Charlie Chaplin, no fim de “O Grande Ditador”: "Homens máquinas, com mentes máquinas e corações máquinas".
Os gregos se rebelaram contra os homens e mulheres -máquina - e estão clamando para que outros os sigam.
Aliviar a dívida da Grécia faz sentido econômica e moralmente
Merkel, os burocratas da União Européia e financistas internacionais são cruéis, mas não estúpidos: eles sabem que a esperança é um contágio, e farão tudo o que puderem para que o movimento Syriza pare de inspirar outros.
Merkel já exigiu que Alexis Tsipras, o novo primeiro-ministro grego, ignore o seu mandato democrático e apoie as medidas de austeridade impostas do exterior.
No período de preparação para a eleição, vazamentos de informação do governo alemão sugeriam a saída da Grécia da Zona do Euro: uma mensagem clara para que o povo grego não votasse da maneira errada.
Para aqueles que querem que a Europa tenha um futuro que não seja o da queda do padrão de vida, aumento da insegurança e retirada da provisão social, é a política de Merkel e das elites podres que ela representa que deve se submeter a um ajuste de contas.
Considere a espetada que o ganhador do Premio Nobel, o economista Paul Krugman está dando na política que destruiu um quarto da economia grega.
Como observa Krugman, a troika - FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia - promoveram "uma fantasia econômica", pela qual os gregos pagaram.
Eles projetaram que o desemprego atingiria o pico de 15% em 2012 e, em lugar disso, a projeção foi arremessada para mais de 25%.
Krugman despiu a mentira de que os gregos não se impuseram austeridade suficiente: os gregos, na verdade, cortaram ainda mais do que foi planejado e, como a economia entrou em colapso, também as receitas fiscais sofreram mais do que o planejado.
Os gregos têm que viver dentro de suas posses; eles estão sofrendo, agora, pelos anos de libertinagem, ao contrário do austero Estado alemão - e assim segue o mantra.
A Grécia foi mais atingida pela fraude e a evasão fiscal do que a maioria das nações, e o Syriza promete uma repressão radical a ambos.
Porém, os mitos que sustentam a mal velada punição coletiva seriam destruídos.
Como um editorial da Bloomberg postou: "Cada devedor irresponsável é legitimado por um banqueiro irresponsável."
A Alemanha mamou dinheiro em países como a Grécia e Espanha – essa é a "magia" dos mercados desregulados – e, dessa forma, "emprestou mais do que os devedores podiam pagar ".
Os bancos alemães e os políticos alemaes deveriam saber que isso acabaria em desastre.
Então, por que não agiram? Simples: a ganância.
Como Kevin Drum, um analista norte-americano, explica: concederam "aos poupadores alemães um lugar para investir dinheiro" e "forneceram à periferia – Grecia, Espanha, Portugal … - dinheiro barato o suficiente para construir um próspero mercado para as exportações alemãs".
Quais foram os primeiros países da UE a desrespeitar os tetos do Orçamento ?
A Alemanha e França? Poderosas como eram, elas não enfrentaram qualquer represália.
Isso absolve as elites gregas - atenção, não o povo grego - de seu papel na calamidade ? Claro que não.
Mas, Merkel deveria estar pedindo perdão também.
Tudo o que os dirigentes europeus têm a oferecer são sociedades falidas e pessoas falidas.
Mais da metade dos jovens na Espanha e na Grécia estão sem trabalho, o que deixa marcas: além da angústia, eles enfrentam a possibilidade de desemprego e salários mais baixos pelo resto de suas vidas.
Direitos dos trabalhadores, serviços públicos, um Estado de Bem-Estar: o que foi conquistado com alto custo por pessoas fortes e de visão é agora destruido.
(…)
É por isso que a Grécia tem de ser defendida com urgência - não apenas para apoiar um governo democraticamente eleito e as pessoas que o colocaram lá. E
As elites europeias sabem que, se as exigências do Syriza forem cumpridas, então, outras forças de mesma opinião serão encorajadas.
Na Espanha, o Podemos, um movimento anti-austeridade, que está em alta, e deverá triunfar nas eleições deste ano.
O Syriza já conquistou mudanças: a limitada flexibilização quantitativa do Banco Central Europeu é, em parte, uma resposta à sua ascensão.
Mesmo o conhecido radical Reza Moghadam, Vice-Presidente do banco Morgan Stanley para mercados de capitais globais, e ex-chefe do Departamento Europeu do FMI, considera que o Syriza tem uma forte posicao de negociaçao.
O precedente de uma saída da Zona do Euro levaria o mercado a punir outros membros e, em consequencia, provocaria outros pedidos de perdão da dívida da Grécia.
A vitória da Grécia é possível, mas depende de pressão popular por toda a Europa.
Se o Syriza vencer, será uma vitória impressionante para todas as forças anti-austeridade, e ajudará a mexer no equilíbrio de poder na Europa.
Mas, se a Grécia perder, os governos e os bancos tentarão sufocar o Syriza logo no inicio do Governo.
Será o triunfo da austeridade sobre a Democracia.
O futuro de milhões de europeus - gregos, franceses, espanhóis e também britânicos - será desolador.
Por isso, é importante um movimento para defender a Grécia em ruínas.
A Alemanha derrotada se beneficiou do alívio da dívida em 1953, e temos de exigir o mesmo para a Grécia hoje.
Devemos apoiar o pedido do Syriza para encerrar uma política de austeridade que não produziu nada, a não ser a ruína social em toda a Europa.
Posters do Syriza proclamavam:
"A esperança está a caminho".
(…)
É um jogo de apostas altas: a derrota significará mais incontáveis anos de pesadelo econômico.
Esta reprise da década de 1930 pode ser encerrada - desta vez, pela Esquerda democrática, ao invés da Direita fascista e genocida.
A era de Merkel e os homens-máquina pode estar no fim.
Cabe a todos nós agir, e agir rapido.
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