Lembo: com Aécio seria muito pior. Com os Cisnes ...
O Conversa Afiada reproduz trechos de entrevista de Claudio Lembo, que foi Governador de São Paulo, quando disse que a minoria branca é má, perversa, ao PiG cheiroso:
Valor: A ação do ministro afeta a governabilidade?
Lembo: Afeta o Levy. O governo, não. Não interessa a ninguém a queda da Dilma. Criaria um trauma. E mais: ela está aprovando tudo no Congresso. Ela apanha, mas aprova. O Congresso tem verbalizado, mas está se mantendo equilibrado. O parlamento pode ter seus defeitos. Tem muitos. Mas ele tem um sentido de brasilidade e necessidade de equilíbrio.
Valor: O senhor pensa realmente assim? Olhando para o Congresso o que se vê é a oposição beligerante e uma base aliada não tão aliada...
Lembo: Ela não se mostra aliada assim, mas também não assume o antagonismo total. Acho que a Dilma, a quem admiro muito pessoalmente, tem pela frente dois homens extremamente qualificados: Renan [Calheiros] e [Eduardo] Cunha. O Cunha lembra um pouco o Carlos Lacerda. É o carioca inteligente, pertencente àquela elite médica carioca, que é boa, intelectualmente bem preparada. O Cunha é sádico, duro, inteligente e tem carisma. E o Renan é outro homem inteligente. De outro tipo, mas inteligente. Então, se a Dilma me procurasse um dia eu diria: "Vá ler Maquiavel. Quando você não pode vencer o inimigo, aproxime-se dele". Foi ingenuidade ter lançado candidato próprio para a Câmara e o Senado.
Valor: Como o PMDB pode ser inimigo sendo o principal aliado?
Lembo: Ele não é inimigo. O PMDB é um partido que caracteriza bem as qualidades e os defeitos dos brasileiros. Sabe dialogar, sabe se impor nos momentos certos, sabe ocupar a máquina do Estado. Eles são os únicos que permaneceram desde a redemocratização. Eles têm uma linguagem popular, coisas que os tucanos não têm. Tucano não sabe transmitir e é odiento. Alguns senadores tucanos do Senado nutrem ódio que não é próprio da democracia. Um senador não pode dizer "quero vê-la sangrar". É feio.
Valor: Estimular ainda que veladamente a discussão sobre o impeachment da presidente é um desejo real ou jogo de cena?
Lembo: É a postura real de alguns setores do PSDB. Particularmente aqueles que foram diretamente vencidos na campanha eleitoral. Estão muito cheios de ódio.
Valor: Então a tese do terceiro turno tem validade?
Lembo: É nítida. Muito nítida. Mas não é todo o PSDB. Também tem gente equilibrada. O governador de São Paulo não tem entrado nessa conversa.
(...)
Valor: Como o senhor vê a tese do estelionato eleitoral? Dilma está fazendo o que seu adversário pregou?
Lembo: O adversário não pregou o que está sendo feito. Ele falava numa economia alegre, leve, do Rio de Janeiro... da Casa dos Cisnes...
Valor: Casa das Garças.
Lembo: Isso. Aquela gente de sempre, que agrada profundamente o sistema financeiro. Acho que se o Aécio ganhasse o quadro social seria muito mais grave, porque o atingido seria outro público.
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