Vídeo exclusivo: privatização é a maior ameaça à Petrobras!
O acordo de leniência defendido pela Advocacia-Geral da União entre as empresas denunciadas na Operação Lava-Jato e o Estado Brasileiro é uma das soluções para manter a economia do país em andamento. É o que acredita Haroldo Lima, ex-presidente da Agência Nacional de Petroleo (ANP) e ex-deputado federal pelo PC do B, para quem "a questão central é se abre ou não o mercado brasileiro".
Nesta segunda-feira (2), em entrevista a Paulo Henrique Amorim em vídeo, por volta do minuto 07'30, ele diz: "A discussão já está posta. O que está em pauta é se abre o mercado brasileiro para as multinacionais exclusivamente operarem nas grandes obras do Brasil ou deixam as empresas brasileiras operando nessa obra. Essa é a questão central.Afinal de contas o nosso discurso é o das multinacionais ou o discurso brasileiro. Se for brasileiro, vamos resolver os problemas que existem, que não é fácil, mas é necessário", afirmou Haroldo.
"Entre as soluções, está a levantada pelo [Luís Inácio] Adams, [da Advocacia-Geral da União] que é o acordo de leniência, que aprofunda o combate a corrupção e estabelece condições para a empresa continuar existindo. Temos 23 empresas consideradas inidôneas. Se nós admitirmos isso passivamente, todas estarão liquidadas. E como o lugar não pode ficar vago, as multinacionais aproveitam. Por trás da discussão, existe o interesse do Brasil ou das estrangeiras", contou o ex-deputado.
A intenção de privatizar a Petrobras estaria por trás da atual crise enfrentada pela petroleira, de acordo com Haroldo.
"A maior ameaça é a sua privatização. Essa ameaça está posta, em um horizonte das coisas possíveis. Não acho que é a mais provável, pois o povo brasileiro não aceitará.Outras ameaças se acoplam a essa primeira. Por exemplo, fatiar a Petrobras e privatizar algumas partes. E a outra é acabar com a partilha da produção do pré-sal brasileira.Na verdade, eles [a oposição] trabalham com essas hipóteses. O que eles sinalizam, quase como o bode na sala, é 'vamos privatizar a Petrobras'. Eles não dizem expressamente, mas trabalham nesse sentido", afirmou.
Na conversa, ele lembra o processo que quase culminou na Petrobrax, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Na época do FHC, eles trabalhavam com a ideia de privatizar a Petrobras com um conjunto o tempo todo. Tentaram transformar a Petrobras em algo mais atraente aos empresários internacionais mudando o nome da petroleira para Petrobrax, mas não deu certo, pois o povo brasileiro se revoltou. Daí, eles partiram para outro caminho que era a de fatiar a Petrobras, privatizando uns pedaços e deixar a parte mais significativa como estatal. Nós percebemos que era o contrário, que eles iam fatiar e a parte menos significativa ficaria como estatal", lembra o ex-deputado.
Leia outros trechos da entrevista:
A maior ameaça que há hoje contra a Petrobras ( aos 00'40):
Haroldo: A maior ameaça é a sua privatização. Essa ameaça está posta, em um horizonte das coisas possíveis. Não acho que é a mais provável, pois o povo brasileiro não aceitará.
Outras ameaças se acoplam a essa primeira. Por exemplo, fatiar a Petrobras e privatizar algumas partes. E a outra é acabar com a partilha da produção do pré-sal brasileira.
Na verdade, eles [a oposição] trabalham com essas hipóteses. O que eles sinalizam, quase como o bode na sala, é "vamos privatizar a Petrobras". Eles não dizem expressamente, mas trabalham nesse sentido.
Quando o senador [José] Serra (PSDB-SP) fala em fatiar a Petrobras, fatiar pra quê? É para vender os pedacinhos. Essa ameaça existe.
A outra é a partilha da produção. Paulo, o que nós conseguimos no Brasil nos últimos anos de muito importante no setor do petróleo foi introduzir o regime de partilha para o pré-sal. Isso não é uma descoberta nossa, pois existe em vários lugares em que há muita produção de petróleo bom.
Se tem pouco petróleo, admite-se o regime de concessão. No mundo, é assim.
Na concessão, o proprietário do petroleo extraído é o concessionário.
No pré-sal brasileiro, quem extrai o petróleo é o governo e quem é dono do petróleo é o governo.
Já existe no Senado Federal, por iniciativa do senador Aloisio Nunes, uma proposta que quer por fim ao regime de partilha.
A Petrobrax de FHC (aos 04'40):
Haroldo: Na época do FHC, eles trabalhavam com a ideia de privatizar a Petrobras com um conjunto o tempo todo. Tentaram transformar a Petrobras em algo mais atraente aos empresários internacionais mudando o nome da petroleira para Petrobrax.
Tem umas fotografias por aí que é do Serra com a camisa da Petrobrax. Literalmente, eles vestiram a camisa, mas não deu certo, pois o povo brasileiro se revoltou.
Daí, eles partiram para outro caminho que era a de fatiar a Petrobras, privatizando uns pedaços e deixar a parte mais significativa como estatal. Nós percebemos que era o contrário, que eles iam fatiar e a parte menos significativa ficaria como estatal.
À época, a revista Veja publicou uma matéria de dez páginas inteiras com uma quantidade enorme de calúnia e difamação contra a Petrobras. O objetivo era criar junto aos parlamentares a ideia de que não dá mais, isso já era, é um elefante, é atrasado, só da prejuízo.
Foi uma vitória, naquele instante, não ter deixado privatizar a Petrobras.
Acordo de leniência e as empresas nacionais (aos 07'00):
Haroldo: Essa discussão já está posta. O que está em pauta é se abre o mercado brasileiro para as multinacionais exclusivamente operarem nas grandes obras do Brasil ou deixam as empresas brasileiras operando nessa obra. Essa é a questão central.
Afinal de contas o nosso discurso é o das multinacionais ou o discurso brasileiro. Se for brasileiro, vamos resolver os problemas que existem, que não é fácil, mas é necessário.
Entre as soluções, está a levantada pelo [Luís Inácio] Adams, [da Advocacia-Geral da União], que é o acordo de leniência, que aprofunda o combate a corrupção e estabelece condições para a empresa continuar existindo.
Temos 23 empresas consideradas inidôneas. Se nós admitirmos isso passivamente, todas estarão liquidadas. E como o lugar não pode ficar vago, as multinacionais aproveitam.
Por trás da discussão, existe o interesse do Brasil ou das estrangeiras.
A viabilidade do Pré-sal (aos 10'30)
Haroldo: Toda a discussão que havia até agora, que eu participei muito, quando discutíamos o regime de partilha, achava que com o barril valendo US$ 45 em diante, o pré-sal era viável. À época, o barril estava a US$ 112, então a viabilidade era gigante.
No inicio de janeiro, o valor do barril chegou a US$ 46, ou seja, bateu na trave e ficamos bem preocupados.
Hoje, o petróleo já chegou a US$ 62.
Precisamos de um controle maior do petróleo, por meio de regime de partilha, ou então fica difícil o nosso acesso ao próprio pré-sal.
A política de conteúdo local (aos 13'00)
Haroldo: Em primeiro lugar, o conteúdo local se revelou algo positivo. Um exemplo é a indústria naval, que estava liquidada e hoje já tem um porte, graças ao conteúdo local que foi exigido pela Petrobras, pela política do Governo Lula e Dilma.
Na verdade, existe muita critica por parte de investidores de que se você estabelece um rigor muito grande em certo tipo de conteúdo local, inviabiliza, dificulta ou encarece muito aquele produto.
Eu acho que nós devemos ser flexíveis nisso. Temos com certas dificuldades políticas, econômicas, nosso desenvolvimento está pífio, e nesse processo todo, na minha opinião, deveríamos ser flexíveis
A escolha de Bendine e o papel do PiG (aos 15'00):
Haroldo: Eu acho que quando a Dilma escolheu o atual presidente da Petrobras, ela pegou uma pessoa que domina o certo financeiro e não de petróleo. Neste momento, era bom entender mais de finanças do que de petróleo.
Em um contexto como esse, a Dilma agiu corretamente. E acho que ele procura encontrar mecanismos de fazer, dentro do prazo, apresentar o balanço auditável. Eu creio que isso irá acontecer.
E existe o papel da grande mídia, que é quem diz que a Petrobras está em dificuldade. Quem está em dificuldade é a mídia.
A performance da Petrobras é uma coisa espantosa. No segundo semestre de 2014, a Petrobras passou a ser a maior produtora única de petróleo do mundo entre as empresas de capital aberto.
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