O submarino nuclear vai gerar uma indústria
O fortalecimento da base industrial de defesa no Brasil é um dos legados do acordo assinado entre Brasil e França, o Prosub, para a construção de quatro submarinos convencionais (S-BR), movidos a motores diesel-elétricos, e um com propulsão nuclear.
É o que diz o Almirante Ney Zanella dos Santos, diretor-presidente da Amazul, em entrevista ao Conversa Afiada que será dividida em duas partes.
"No submarino nuclear, na parte nuclear, os franceses não estão fazendo nada. Agora, nas outras áreas, que não são áreas estratégicas, são caixas pretas deles. Esses produtos podem ser comprados lá, mas têm que ser montados aqui com mão de obra brasileira", conta Zanella.
No primeiro bloco da conversa, o almirante lembra que a retomada do chamado PNB ( Programa Nuclear Brasileiro) ocorreu em 2008, no segundo mandato do Presidente Lula, quando a Presidenta Dilma Rousseff ainda era Ministra de Minas e Energia.
"A Dilma montou um comitê nacional do programa de desenvolvimento nuclear brasileiro e, neste comitê, se chegou a algumas sugestões para ordenar o programa nuclear brasileiro. Uma delas foi a criação da Amazul, para trabalhar com o setor de pesquisa nuclear e na área empresarial. Outra, foi a ativação de Angra 3", relata.
Da desarticulação do PNB, que teve na paralisação da construção da usina nuclear Angra 3 um símbolo, mecanismos para o fortalecimento da Defesa Nacional passaram a ser estudados.
Um dos resultados foi a criação da Amazul, em 2013. A estatal tem como objetivos "promover, desenvolver, transferir e manter tecnologias sensíveis às atividades do Programa Nuclear da Marinha (PNM), do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e do Programa Nuclear Brasileiro (PNB)", afirma Zanella.
Segundo ele, "a missão primordial da estatal é viabilizar o desenvolvimento do submarino de propulsão nuclear, tecnologia imprescindível para que o País exerça a soberania plena sobre as águas jurisdicionais brasileiras, a nossa Amazônia Azul".
Na entrevista, o Almirante contou detalhes do acordo entre Brasil e França e do processo de concepção do projeto.
"Quem faz esse projeto é a Amazul e a Marinha. Há apenas uma orientação da França. A execução e concepção é toda nossa", esclarece.
Leia outros trechos da primeira parte da entrevista à TV Afiada:
O Nascimento da Amazul
Amazul é uma empresa estatal criada em 2013 que vem em um momento que, desde 2008, quando se estudou as dificuldades que o programa nuclear brasileiro sofria.
Na Amazul, o capital inicial foi baixo, mas veio em um momento que o Brasil fez uma parceria com a França para construir o submarino nuclear, o Prosub.
Função da Amazul
A Amazul trabalha no Prosub em uma area de projetos e não de construção.
A construção é ligada à Odebrecht e à própria Marinha.
Distinção entre Amazul e os colegas da Marinha da Aramar
Não é distinção é uma harmonia. Eles são coordenadores do programa nuclear da Marinha, pois têm a tarefa de empreender uma propulsão naval para o submarino e também fazem a área de enriquecimento de urânio.
A Amazul entra nos dois projetos com o seu pessoal. A Marinha sem a Amazul não funciona e vice e versa.
Urânio e energia nuclear sempre ligados à Marinha
A Marinha trabalha com meios intrisecos à alta tecnologias nas nossas atividades navais. Um navio, por exemplo, é um complexo de tecnologia.
Também nos Estados Unidos é a Marinha a responsável.
Brasil pode vir a ser exportador de submarino
De submarino, pode. Mas a propulsão nuclear, não, pois não existe um comércio internacional de submarino nuclear.
O nosso projeto do submarino são três fases: A, B e C. Nós estamos na segunda fase.
A fase A é uma concepção da plataforma, as especificações mestras. A fase B são quase três anos em que começamos a colocar o que queremos no submarino.
Quem faz esse projeto é a Amazul e a Marinha. Há apenas uma orientação da França. A execução e concepção é toda nossa.
Papel da Amazul no processo de absorção da tecnologia dos franceses
No submarino nuclear, a parte nuclear, os franceses não estão fazendo nada.
Agora, nas outras áreas, que não são áreas estratégicas, são caixas pretas deles. Esses produtos podem ser comprados lá, mas têm que ser montados aqui com mão de obra brasileira.
Com isso, fortalecemos uma base industrial de defesa. Hoje, são 36 mil partes que são brasileiras ou feitas aqui desse submarino convencional.