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Alemanha queria uma Grécia igual ao FHC

O FHC fez o acordo que recebeu em cima da mesa​
publicado 12/07/2015
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O amigo navegante se esqueceu como é a Alemanha ?

A Alemanha é a mesma: a Merkel.

Nascida na Alemanha Comunista, Merkel é a Alemanha reunida, inteira.

Você, amigo navegante, caiu na esparrela de que a Merkel é empregada dos banqueiros?

Ela só faz o que os banqueiros alemães querem ?

Mas, não é só isso.

Ela é mais complexa.

Leia até o ultimo paragrafo esse brilhante artigo do Yanis Varoufakis, ex-ministro da Fazenda grego, no Gardian:
http://www.theguardian.com/commentisfree/2015/jul/10/germany-greek-pain-debt-relief-grexit

A Alemanha não quis só quebrar a Grécia.

Mas, atraves da Grecia, chegar à França – e à Italia.

E avisar: se a França e a Italia quebrarem – o que não é improvavel -, o tratamento será o mesmo.

O amigo navegante conhece a palavra alemã “lebensraum”, que significa “espaço vital”.

Num certo ponto do seculo passado ela foi muito usada.

Esse é o novo “espaço vital”: a Europa setentrional, que inclui a magnifica França mediterrânea …

A Alemanha não aceitava o ponto central da argumentação grega: os bancos tem que agasalhar um prejuízo.

Têm que admitir que foram irresponsáveis, piratas, gananciosos e precisam extrair de seus balanços e lucros uma parte do que emprestaram aos bancos e ao Governo grego.

Ah, mas dirão os especialistas...

Quem é credor da Grécia, a essa altura do campeonato, são os bancos centrais, porque os bancos particulares – como sempre – jogaram as maçãs podres no cesto dos bancos centrais.

Para a Grécia, dá no mesmo.

Então, quem vai engolir o prejuízo serão os cidadãos dos países cujos bancos centrais engoliram os prejuízos de seus bancos privados.

Muda o credor, mas o efeito é o mesmo: tem que aceitar o prejuízo !

Um desconto da divida.

Mas, como mostrou o Varoufakis, o olho da Alemanha não está só no balanço dos bancos.

A Alemanha quer é dizer à França (e a Itália entende, sem precisar que se dirija a ela, diretamente): não vem que não tem !

A Alemanha não vai pagar a conta do sistema de proteçao social que os franceses construiram desde a Revolução Francesa !

O que a Merkel quer do Tsipras ?, aquele que se ferrou porque esteve no Instituto Lula , segundo jenio da CBN.

A Merkel quer que o Tsipras seja o poodle dos bancos.

Um FHC.

No livro que breve será lançado, “O Quarto Poder – o outro lado da história” -, o ansioso blogueiro descreve a estratégia de governos brasileiros para enfrentar a divida externa.

Tancredo queria que o Delfim fizesse um acordo com o FMI, no fim do Governo Figueiredo, para culpar o Delfim, quando assumisse.

O Delfim, que não é bobo, não assinou.

O Sarney fez heroico discurso na ONU e repetiu uma frase (apenas retórica) de Tancredo: não vou pagar a divida com a fome do povo brasileiro.

Depois, Sarney deu com os burros n'água e decretou a moratória.

Mas, achava que a moratória seria a sua salvação política, diante do fracasso do Plano Cruzado.

Collor e o embaixador Jorio Dauster, bravo negociador da divida, estabeleceram um conceito central na estratégia para negociar a divida com os bancos, o FMI e o Governo americano: o conceito “capacidade de pagar".

Só pago o que puder.

O governo americano achou que era blefe e não era.

Collor caiu e veio FHC.

FHC se comprometeu com o FMI reformar a Constituição para privatizar a telefonia – e dá-la ao Daniel Dantas, o que conseguiu, com exito, e a ajuda providencial de sua Advocacia Geral, sob a batuta republicana Gilmar Mendes.

Nessa altura, os americanos já tinham admitido o prejuízo.

Tinham aceito, com o Plano Brady, agasalhar um desconto de 30% nas dividas.

Esses 30% eram o mesmo que o Delfim, lá no Governo Figueiredo, dizia aos credores: desiste, porque vocês erraram em 30% !

A história da negociação brasileira da divida tem exemplos eloquentes – gregos - de resistência, como do Dilson Funaro, no Governo Sarney.

Que, na minha frente chamou um Ministro das Finanças inglês de f … da …, porque não passava de um capacho do Ministro da Fazenda americano.

Até que veio FHC.

Fez o acordo que colocaram em cima da mesa.

E disse para todo mundo que o arquiteto do acordo era o Andre Haras Resende !

(“Haras” em lugar de Lara é uma modesta contribuição do Ricardo Melo ao léxico da Economia nacional, porque o citado banqueiro transporta de avião seus cavalos para correr os derbys de Londres …)

Foi o acordo que FHC recebeu do FMI – com a reeleição (comprada) !

É quem a Merkel queria ver do outro lado da mesa.

O FHC ou o Haras !

Paulo Henrique Amorim