Tsipras não edulcorou o ajuste
O Conversa Afiada reproduz artigo de Breno Altman sobre o primeiro ministro da Grécia, ao justificar o acordo que, na prática, significou a conquista da Europa pela Alemanha:
Discurso de Tsipras ensina uma velha lição
Concordando-se ou não com a posição do primeiro-ministro grego, chama atenção seu discurso político.
Ao contrário da tradição demagógica, que infesta também círculos de esquerda em vários cantos do mundo, Tsipras não edulcora o acordo que defendeu diante do Syriza e do parlamento de seu país.
Denuncia que foi chantageado.
Esclarece que considera o pacto com a União Europeia, em boa medida, lesivo aos interesses nacionais e dos trabalhadores.
Relata que bateu à porta dos Estados Unidos, Rússia e China em busca de alternativas, mas não encontrou apoio.
Destaca claramente que a escolha é entre a rendição sob condições ou o colapso político-econômico, identificando os inimigos que combate e sua natureza.
Não transforma necessidade em virtude, como se o acordo fosse algum capítulo harmônico à estratégia de desenvolvimento traçada por seu partido.
Não vende felicidade ou irrealismo.
Pinta o quadro com todas as suas cores, em um esforço notável para informar e educar militantes e cidadãos que até agora marcharam ao seu lado.
Tsipras pode estar certo ou errado. Mas revela-se um discípulo da velha lição de Gramsci, que horroriza os defensores de substituir a política pelo marketing: apenas a verdade é revolucionária.