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Belluzzo e Aldo: basta de entreguismo!

Lava Jato preferiu fechar empresas a punir corruptos
publicado 24/10/2017
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Da Rede Brasil Atual:

Aldo Rebelo e Beluzzo: Lava Jato comprometeu indústria e política


A recuperação do país passa pela retomada da indústria, comprometida por gestões econômicas e, mais recentemente, por decisões da Operação Lava Jato, segundo avaliação do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, que participou de debate na tarde desta segunda-feira (23) na sede do Dieese, em São Paulo. O ex-deputado Aldo Rebelo, sem citar nomes, mencionou a existência de instituições que "confundem a missão de combater a corrupção com a substituição da política" e lamentou a perda de patrimônio, físico e de inteligência, provocada sob pretexto – legítimo – de combate à corrupção. "A presença de nossas grandes empresas no mundo foi uma conquista geopolítica." Ambos consideram fundamental uma união de forças em torno de programa de desenvolvimento que contemple a indústria nacional.

Belluzzo lamentou a "visão inacreditável", presente hoje, segundo ele, de que "o Brasil precisa encolher para melhorar". "Quem é que fala que precisa de um projeto de desenvolvimento? Virou crime falar disso", afirmou. Segundo ele, o país está em uma "armadilha ideológica", da qual não sairá com "arengas" de economistas, mas com um bloco político capaz de conduzir essa agenda, que inclua investimentos em infraestrutura. "É o gasto que determina renda. Não existe uma renda pré-existente."

Em relação ao processo eleitoral de 2018, ele manifestou preocupação com uma possível divisão entre candidatos que se identifiquem com esse projeto. "Gostaria muito que houvesse uma convergência. Se perdermos essa oportunidade, só daqui a quatro anos." Segundo ele, a China executou um projeto nacional de desenvolvimento se aproveitando da globalização. "Vê se tem capital especulativo entrando lá."

Na visão do economista e professor, a Operação Lava Jato errou ao punir empresas em vez de pessoas, paralisando, por exemplo, o setor de construção pesada e atingindo setores que expandiam atividades para fora do país. "Isso é uma regressão inacreditável", disse. Mas a indústria enfrenta problemas há mais tempo, observou, considerando o Plano Real (1994) eficiente no combate à inflação, mas causador de desindustrialização ao manter o câmbio valorizado.

Belluzzo também criticou o sistema financeiro ("Não é só inútil, é danoso") e a ex-presidenta Dilma Rousseff, por ter aceitado "a pressão do mercado" após vencer as eleições. Chamou a "reforma" trabalhista de Michel Temer de "atraso", assim como a emenda que limita gastos públicos – cuja aplicação considera inviável na prática. Uma possível recuperação, diz ele, nada terá de "gloriosa ou brilhante": "Vai ser meia-boca".

O economista afirmou que o país pagou R$ 510 bilhões em juros da dívida só no ano passado. "Aí o pessoal fica falando de déficit da Previdência", emendou. E chamou de "gente insana" os defensores da privatização de empresas estratégicas, como Petrobras e Eletrobras, lembrando do governo Fernando Henrique Cardoso, durante o qual, afirmou, o país arrecadou R$ 170 bilhões com as privatizações. "Onde é que foi parar? Foi tudo engolido pelos juros." (...)