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Bolsonaro instituiu a filhocracia

"Presidente nunca entendeu o exercício republicano da política"
publicado 15/03/2020
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Reprodução: jornal Metro

"Uma das grandes contribuições de Bolsonaro é a filhocracia. Democracia é o direito do povo. Filhocracia é o direito dos filhos". A frase é do economista Delfim Netto, em entrevista ao Globo neste domingo (15/III).

 Na conversa, Delfim critica o comportamento de Bolsonaro e afirma que o atual presidente não tem carta branca para fazer o que bem entender.

"Bolsonaro não recebeu o poder para fazer o programa dele. Ele não fez a maioria no Congresso. O presidente pode muito, mas não tudo. O presidente pode tudo o que a Constituição permite e que o Congresso aceite. Ele não foi eleito para esmagar a minoria",disse.

E acrescentou: "Ele foi eleito por 39% dos eleitores. Podiam votar 147 milhões e ele teve 57,7 milhões de votos, ou seja, ele não foi eleito pela maioria nacional. Portanto, deveria saber o seguinte: ele não recebeu de Deus, todopoderoso, a missão de salvar a pátria amada sozinho. Além disso, o partido pelo qual ele foi eleito, o PSL, não chegou a ter 10% do Congresso. Ora, um presidente numa democracia que não tem 10% do Congresso só tem um caminho: a política. Mas ele achou que toda a política era pecaminosa. Ele nunca entendeu o exercício republicano da política".

O economista, que votou em Bolsonaro nas últimas eleições, confirmou que hoje não faria o mesmo.

"Tudo o que Bolsonaro fala contra a ciência, contra as evidências empíricas aceitas por quem tem um mínimo de razão, agrada ao eleitorado que o elegeu. Ele não tem desgaste com essa parte do eleitorado. O desgaste foi com pessoas como eu, que votaram nele em legítima defesa e hoje não votariam. Ele teve 39% dos votos daqueles que poderiam votar. Eu suspeito que aqueles que votaram nele por legítima defesa são entre 8% e 10%. Ele tem hoje os seus 30%, o núcleo duro. E o Congresso e a Constituição têm o poder de controlá-lo".

A entrevista completa está aqui