Bolsonaro também é culpado pelo terror em Manaus, diz prefeito
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O prefeito de Manaus (AM), Arthur Vírgilio (PSDB), atribiu ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) parte da responsabilidade pelo fracasso do isolamento social na capital do Amazonas em meo à pandemia do novo coranavírus.
"Acho que há um fator cultural. Meu secretário de obras anda pelas periferias e ouve as pessoas dizendo que a Covid-19 é doença de rico, que não vai pegar em pobre, no caboclo. Mas elas estão vendo as pessoas morrendo. Outro fator é a pregação do presidente Jair Bolsonaro contra essas medidas. Ele diz que precisamos salvar a economia, mas nunca vi salvar a economia com gente doente. A realidade é que eu fracassei em relação ao distanciamento social. Fracassei assim como o governador e todo mundo que está a favor do distanciamento social. Fracassamos perigosamente. Por isso que vamos, ainda nesta semana, dar início a uma campanha de mídia pesada para tentar convencer as pessoas a aderirem ao isolamento", confessou.
Em entrevista ao Globo, o prefeito disse que as medidas do governo federal são insuficientes para o tamanho do problema.
"Na área da saúde, está horrível. Eu não vi nada, ainda. Estamos aguardando ansiosamente a chegada de aviões Hércules das Forças Armadas com EPIs, respiradores, macacões, insumos que a gente precisa para atender a gente. Está faltando medicamento. Nós estamos racionando remédios. Na época do (ex-ministro da Saúde Luiz Henrique) Mandetta, ele até se fazia presente, mas agora, minha esperança é que o general (Eduardo Pazuello), que conhece a região, possa nos ajudar. Eu estou preocupado porque vi um vídeo com o atual ministro (Nelson Teich), no qual ele fala sobre um dilema entre ajudar um idoso ou um jovem", criticou.
Segundo o Ministério da Saúde, o Amazonas é o que tem a maior taxa de incidência da doença em todo o Brasil. São 5.224 casos confirmados e 425 mortes por Covid-19. Segundo Virgilio, Manaus vive hoje "cenas de filme de terror".
"Sem o governo federal nos ajudar, não temos como sair dessa crise. Tem que ter uma presença federal muito forte, que a gente não vem percebendo".