Brito: desemprego real se aproxima de 20 milhões
(Marcos Corrêa/PR)
Por Fernando Brito, do Tijolaço - É consenso entre os analistas econômicos que a taxa de desemprego medida pelo IBGE não é mais um indicador confiável para medir a desocupação da população, justamente pelo critério que adota, de considerar desempregado apenas aquele que nos últimos 30 dias procurou uma ocupação. Neste período de pandemia, procurar emprego é tarefa inglória, inútil e cara para milhões em dificuldade.
Os números da Pesquisa Nacional por Análise Domiciliar, a PNAD contínua trimestral, porém, revelam de forma mais crua o retrato da perda de ocupação no Brasil.
Nada menos que de 8 milhões de postos de trabalho foram perdidos: -2,5 milhões de pessoas com carteira assinada e mais 5,8 milhões de informais, sem carteira, empregados ou trabalhadores por conta própria.
Por setor, este é o quadro dramático:
- O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) caiu para 31,1 milhões, menor nível da série, sendo 7,5% abaixo (-2,5 milhões de pessoas) do trimestre anterior;
- Os informais tiveram queda de 20,8% (redução de 2,4 milhão de pessoas);
- Os empregados domésticos se reduziram em 18,9% frente ao trimestre anterior, com a perda de 1,2 milhão de ocupações;
- Trabalhadores por conta própria diminuíram em 8,4%, ou seja, 2,1 milhões de pessoas e o de empregadores em 377 mil, ou 8,5%, sempre ante o trimestre anterior.
Este ainda não é o fundo do poço, porque esta pesquisa ainda abrange as três primeiras semanas de março, quando a retração provocada pela pandemia não acontecia.
O desalento – isto é, o número de pessoas que simplesmente desistiram de procurar trabalho – teve um aumento de 15%, chegando a 5,4 milhões de brasileiros.
Se quisermos ser realistas, convém somá-las aos 12,7 milhões que procuraram emprego sem encontrá-lo, e o resultado, terrível, passou de 18 milhões ou 18% da força de trabalho.
Não se sabe quantos dos 11 milhões de trabalhadores inscritos no programa de subsídios com redução do salário serão dispensados quando ele terminar e a economia, retraída, não sugerir sua manutenção às custas exclusivas das empresas.
O resultado de tudo isso é que, pela primeira vez na história, há mais gente sem trabalhar dentro da população considerada força de trabalho (14 anos e mais): são 49,5%. Em 2013/2014 este percentual girava em torno de 57%.