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Conselheira do CADE é contra monopólio do Itaúúú

Cinco bancos detêm 85% dos depósitos no Brasil
publicado 23/06/2018
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Créditos: Contraf-CUT

Do Estadão:

‘Operação XP e Itaú deveria ser reprovada’, diz conselheira do Cade


Voto vencido no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no julgamento da compra da XP pela Itaú, a conselheira Cristiane Alkmin defende que o Banco Central reprove ou imponha restrições mais duras do que as estipuladas pelo órgão antitruste na análise da operação. “Para ser coerente com o meu voto, considero que a operação deve ser reprovada. Se eu fosse o Ilan, eu vetaria”, afirmou. Para a conselheira, os cinco maiores bancos em operação no País têm muito poder de mercado. Cristiane acredita que o Estado deve estimular – e não atrapalhar – a entrada de novos concorrentes, sobretudo as fintechs (startups voltadas para o mercado financeiro). Procurados, XP e Itaú preferiram não comentar.

Estadão: O mercado bancário brasileiro é concentrado?
O ponto central é o problema do poder de mercado, não exatamente a concentração. Os cinco maiores bancos do Brasil detêm, aproximadamente, 85% dos depósitos bancários. O poder de mercado dos bancos se dá também de forma vertical, estão nos mercados de investimento, de crédito, de cartões de crédito, de seguradoras e, agora, de bureaus de crédito. E com o poder conglomeral, hoje há uma preocupação em relação ao montante de dados que têm acesso. A competição no setor bancário está vindo destes pequenos players que trazem tecnologias disruptivas, que estão de alguma maneira chacoalhando com o status quo daqueles elefantes, que têm estruturas mais pesadas.

Estadão: A operação entre Itaú e XP atrapalha este processo?
Pode atrapalhar. Essa operação não vai acabar com o processo de desbancarização, mas pode atrasá-lo.

Estadão: Em seu voto, a senhora sugeriu que a operação entre Itaú e XP seria uma carta branca para que outros bancos continuem comprando pequenas plataformas.
Se eu aceitar um caso em que o maior banco privado está comprando a maior corretora de plataforma aberta, que é a XP, que tem praticamente 50% do mercado, como vou evitar que outra instituição compre a segunda plataforma, que tem 10% ou 15% do mercado? Como o Cade falará não para essa operação? A plataforma da XP era, definitivamente, a maior, muito longe da segunda colocada. A razão da operação é que os clientes do Itaú estavam migrando para essa nova plataforma. E os clientes futuros do Itaú já não iriam para o Itaú, e sim para a plataforma. Então, no fundo, essa é uma operação em que o Itaú quis recomprar seus clientes.

Estadão: O BC deve ser mais duro do que o Cade foi?
Não quero aqui confrontar ou pedir que o BC corrija um ato do Cade, não existe isso. Mas, para ser coerente com o meu voto, considero que a operação deve ser reprovada. O Itaú é um minoritário megapoderoso. Eu acho que seria uma ótima sinalização se o BC reprovasse essa operação, mas já seria uma boa sinalização a retirada da possibilidade de o Itaú ser o controlador. Talvez isso não trouxesse tanto risco para o processo de desbancarização. De qualquer forma, se eu fosse o (presidente do Banco Central) Ilan Goldfajn, como sinalização, eu vetaria essa operação. E diria que o BC estará de olho quando um dos cinco maiores bancos estiver comprando fintechs. (...)
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