Coronavírus: governo vai a favelas dialogar com milícias
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), afirmou que em meio a pandemia do coronavírus o governo vai dialogar com milícianos e traficantes.
Em entrevista coletiva na quarta-feira (08/IV), o ministro reconheceu que há dificuldade para implementar o plano de manejo das favelas e comunidades com exclusão porque são regiões marcadas pela ausência do Estado e dominadas por líderes informais ligados ao crime organizado.
"Dialoga, sim, com o tráfico, com a milícia, porque também são seres humanos e precisam colaborar, ajudar, participar. Então, neste momento, quando a gente faz esse tipo de colocação, a gente deixa claro que todo mundo vai colaborar (no combate à covid-19)", disse.
"Temos dificuldade, sim, em apresentar o plano de manejo das favelas ou das comunidades com exclusão. Hoje nós começamos o primeiro plano de manejo, não vou falar em qual comunidade será, para fazer um teste piloto porque ali você tem que entender a cultura, a dinâmica, ali a gente tem que entender que são áreas que muitas vezes o Estado está ausente, que quem manda é o tráfico", completou o ministro.
Ao Estadão, a assessoria do Ministério da Saúde disse: "a intenção do ministro em sua fala foi dar um recado para traficantes e milicianos de que na hora em que o vírus começar a se disseminar nas favelas, os profissionais de saúde vão ter de entrar nas comunidades. Mandetta reconhece que algumas áreas são dominadas pelo tráfico e milícia, que impõem suas normas aos moradores, então a comunidade vai ter de resolver essa situação de permitir a entrada de agentes de saúde em suas residências".