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CUT expõe mentiras de Temer sobre o emprego

Onde está a melhora, cara pálida?
publicado 04/09/2017
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O Conversa Afiada reproduz competente análise da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Dieese:

A taxa de desocupação (desemprego) foi estimada em 12,8% no trimestre de maio a julho de 2017, o que representa uma redução de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre de fevereiro a abril de 2017 (13,6%). Quando comparado com o mesmo trimestre do ano anterior (maio a julho de 2016, quando a taxa ficou em 11,6%), registra-se elevação de 1,2% ponto percentual.

Alguns analistas tem destacado com muita ênfase esse resultado na taxa de desocupação, que começou a apresentar uma redução a partir do mês de abril de 2017 (PNAD/IBGE)¹.

A pergunta que se faz é: estamos de fato observando uma melhora no mercado de trabalho?

Para responder a essa pergunta é importante olhar não apenas para a taxa de desocupação, mas para o conjunto de informações que essa pesquisa apresenta para garantir uma análise mais aprofundada sobre a realidade no mercado de trabalho brasileiro atual. Outros dados importantes de serem observados são: PEA, ocupação, categoria de emprego e rendimentos.

A PEA (População Economicamente Ativa, aqueles que estão empregados ou procurando um emprego) que a pesquisa do IBGE nomeia como “Força de trabalho”, quando medida em relação a PIA (População em Idade Ativa: total de pessoas com mais de 14 anos), registrou uma taxa de 61,8% no trimestre de maio a junho de 2017, ou seja, o número de pessoas no mercado de trabalho, procurando um emprego ou trabalhando, está praticamente estável em relação ao trimestre anterior que registrou taxa de 61,6%. A redução do desemprego não se deu, portanto, porque a PEA se reduziu, o que poderia ocorrer, por exemplo, se pessoas desistissem de procurar um emprego e se tornassem inativas, segundo os critérios da pesquisa.

Quanto à ocupação, um dado importante é que ela também cresceu – ou seja, a diminuição da taxa de desocupação é de fato, porque as pessoas estão encontrando um trabalho, alguma fonte de renda, e passou de 89.238 no trimestre de fevereiro a abril de 2017 para 90.677 no trimestre de maio a julho desse mesmo ano (1,6%).

Mas quando observamos as condições de trabalho desse universo de pessoas que conseguiu uma colocação profissional no trimestre em questão é que percebemos a continuidade dos efeitos negativos da conjuntura econômica recessiva sobre o mercado de trabalho.

Quando ao tipo de categoria do emprego, segundo definição da pesquisa do IBGE, podemos observar que a regra dos empregos gerados é na informalidade, com o crescimento de 4,6% dos empregados no setor privado SEM carteira assinada e de 1,6% dos trabalhadores por conta própria. O trabalho doméstico se manteve estável e o que mais chama atenção: o emprego no setor privado COM carteira assinada teve redução de 2,9%.

Outro indicador de piora nas condições de trabalho é o rendimento. O “rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos” registrou o valor de R$ 2.106,00 no trimestre de maio a julho de 2017, valor levemente menor do que o verificado no trimestre anterior, quando ficou em R$ 2.111,00. Apenas aqueles trabalhadores com carteira de trabalho assinada registraram crescimento no rendimento médio (3,6%), o que sugere que o resultado geral de estagnação, é consequência da queda dos rendimentos entre as outras categorias de emprego, como os trabalhadores sem carteira, os trabalhadores por conta própria e as trabalhadoras domésticas, que além de vínculos de trabalho precários, também observam uma redução média em seus rendimentos.

Registra-se também que o setor responsável pelo crescimento do emprego nos primeiros meses do ano, a Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, apresentou nesse trimestre (maio a julho) queda de 8% do número de ocupados. Ou seja, reforça a lógica de forte rotatividade do mercado de trabalho brasileiro.

EM RESUMO, nesse contexto de recessão econômica, o tipo de emprego gerado - além de insuficiente para que a taxa de desocupação retorne para patamares pré-crise - se dá em bases bastante precárias quando olhamos para indicadores de condições de trabalho. É importante destacar que o crescimento do emprego verificado até o final de 2014 teve como elemento de destaque a estruturação do mercado de trabalho, melhorando os diversos indicadores de emprego – taxa de ocupação, desemprego, carteira assinada e rendimentos. Registra-se, portanto, um movimento bastante distinto e negativo para os trabalhadores.

1 - PNAD Contínua/IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas.

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