E o Moro acha que vai purificar as empreiteiras
Samuel jura que aplicava o dinheiro na Última Hora
Amigo navegante de memória desagradável sugeriu ao ansioso blogueiro voltar às páginas do imperdivel "Minha razão de viver - memórias de um repórter", do Samuel Wainer, da editora Record, quando a Record do Alfredo Machado ainda editava livros de Esquerda (porque, agora, ela se especializou em livros de Direita... Quá, quá, quá! Breve lançará edição comemorativa do "Protocolos dos Sábios de Sião", com ilustrações do...)
O amigo navegante chama a atenção para as páginas 224 e seguintes, e 237, em que Samuel descreve o papel das empreiteiras na política e na imprensa brasileiras, especialmente a partir do Governo JK.
Como se sabe, um dos ministros da Fazenda do JK foi chamado de Tião Medonho, em homenagem ao assaltante do Trem Pagador - e ele próprio um grande empreiteiro!
Samuel conta que as empreiteiras substituíram os Barões do Café como os grandes anunciantes da imprensa pátria.
Assis Chateaubriand - precursor da Globo em muitos sentidos - e Paulo Bittencourt, do Correio da Manhã, aquele que mergulhou de cabeça no Golpe de 64 e se "arrependeu" - eram os principais beneficiados da "publicidade" dos empreiteiros.
O Chatô chegava ao extremo de chantagear ministros, para que entregassem determinadas obras a seus empreiteiros - se não, pau neles, nos jornais do Chatô.
Chatô procurava os ministros, pessoalmente!
E ficava com 10% do orçamento da obra.
Samuel confessa que recebia dinheiro de empreiteiras, também.
Mas, jura que aplicava tudo na Última Hora.
E denuncia os concorrentes: eles embolsavam a grana e não investiam no jornal!
As verba eram "imensas", diz ele!
"Não se trata de uma exclusividade nacional - desde o Império Romano os responsáveis pelas obras públicas mantém relações especiais com os donos do poder", diz Samuel.