Economista do Boulos derruba o mantra neolibelista
De Matheus Lara, Mateus Fagundes e Caio Rinaldi, no Estadão:
'Dinamismo só se recupera com intervenção do Estado', diz economista de Boulos
O economista Marco Antonio Rocha, "guru" econômico de Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Presidência da República nas eleições 2018, disse nesta terça-feira, 7, que a economia brasileira só vai recuperar seu dinamismo se o Estado recuperar a capacidade de investimento. Para ele, "programas emergenciais" para "salvar a economia precisam também sinalizar um novo modelo de desenvolvimento".
"Nosso diagnótico pós-crise é de que o dinamismo só vai se recuperar com a intervenção do Estado, com capacidade de fazer investimento público", disse na abertura da série de sabatinas "Os economistas das eleições", do Estado em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). "Um plano emergencial factível tem de ser pensado não apenas para solucionar a questão de emprego e renda a curto prazo, mas também precisa ser estrurante, para um médio e longo prazo."
Ele expôs detalhes dos três eixos que a campanha de Guilherme Boulos propõe para a enconomia brasileira, que, em sua avaliação, "teve sua situação agravada a partir de 2015, com a política de austeridade fiscal".
O primeiro tópico destacado por Rocha é o desenvolvimento produtivo e tecnológico. "O governo tem que pensar uma nova estrutura de fazer política industrial no Brasil. É um desafio também por causa da estrutura mundial. Nosso plano quer estabelecer canais de legitimação da política industrial e tecnológica com a população."
Rocha também falou da necessidade de "recuperar os mecanismos de intervenção do Estado na economia", ao tratar das empresas estatais e bancos públicos. Ele disse que não há planos de privatização em caso de vitória do candidato do PSOL nas eleições 2018. "Essas instituições precisam ser instrumentos-chave. Não dá para financiar por completo a política industrial com o caixa dessas empresas. Queremos dar fim à política de privatizações. A Petrobrás não está desalinhada aos padrões internacionais."
O economista disse que Guilherme Boulos pretende ainda "reestruturar a gestãoo macroeconômica. "O regime fiscal tem que ser menos fiscalista e dar mais abrigo a uma política de desenvolvimento. Queremos colocar uma política que permita ao Estado atuar de forma contracíclica contra a crise, com capacidade se investimento a longo prazo. Passar para um planejamento orçamentário plurianual, e não mirando metas de superávit". Ele defendeu ainda uma reforma tributária progressiva, com diminuição de impostos sobre consumo e aumento da carga sobre patrimônio e renda.
Rocha comentou sobre as negociações com o Congresso Nacional para uma possível reforma fiscal e para que o estado possa atuar "contraciclicamente". "De imediato, é propor a revogação da emenda constitucional 95 (de 2016, que define a inflação do ano anterior como teto para o aumento dos gastos federais a cada ano ). Isso será uma questâo de governabilidade para qualquer governo eleito para o ano que vem. Já estive no Congresso para debates. A gente aceita entrar no debate, mas é preciso ter ganho em eficiência tributaria. Mas não vamos abrir mão, para isso, do funcionamento do nosso sistema de seguridade social."
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Em tempo: sobre o tal neolibelismo, não deixe de consultar o trepidante ABC do C Af