Em SP, um ano para achar emprego!
De Douglas Gavras, no Estadão (em estado comatoso):
Há um ano e quatro meses, André Juvêncio, de 43 anos, espera o dia em que terá a carteira de trabalho assinada de novo. Ele tenta voltar para a indústria de cosméticos, onde atuou por seis anos como coordenador de desenvolvimento de embalagens, e, desde então, passou a engrossar a fila dos brasileiros que deixaram o mercado formal.
“A gente sempre acha que não vai ficar desempregado por muito tempo. Aproveitei esse intervalo para fazer intercâmbio e estudar inglês e pensava que o mercado estaria melhor na volta também, mas nada. As vagas que abriram são muito mais disputadas e oferecem um salário menor. Estou fazendo ‘bico’ de motorista, mas não deixo de mandar currículo.”
No mês passado, um trabalhador da Grande São Paulo levava, em média, 47 semanas – pouco menos de um ano – procurando qualquer oportunidade de emprego, formal ou informal, segundo levantamento da fundação Seade, em parceria com o Dieese. Esse é o dobro do tempo que se levava para voltar ao mercado quatro anos antes, em março de 2014, quando a crise ainda não tinha chegado.
“A vida mudou muito rápido. Tudo parecia bem, a gente estava morando de aluguel, mas já pensando na casa própria. A geladeira, o carro, toda conquista era comemorada”, lembra o operador de empilhadeira William Rosa, 35 anos – há quatro meses procurando trabalho.
A empresa em que ele trabalhava, uma fabricante de vidros, demitiu 200 pessoas nos anos de crise e não tem previsão para voltar a contratar. “É difícil confiar no nosso País, a felicidade aqui parece que já vem com prazo de validade.”
Pela série histórica da pesquisa Seade/Dieese, que começa em 1988, é possível perceber o quanto as idas e vindas do País podem prolongar, e muito, a busca pelo emprego. A procura registrou um pico, de 57 semanas, no início dos anos 2000.
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