Essa bolha vai explodir
O Conversa Afiada não se cansa de avisar: a bolha vai explodir, como alertou o Greenspan e o calote vem aí.
É o que dá a entender Jean-Claude Trichet, ex presidente do Banco Central Europeu, em entrevista a Andrei Netto no Estadão:
(...) E em termos globais, temos riscos?
Sim, eu preciso dizer que estou muito inquieto. Eu vejo o endividamento da economia internacional continuar no pós-crise no mesmo ritmo pré-crise. Isso é muito inquietante. Há um índice de fragilidade da economia mundial que eu considero muito importante: o montante global de dívidas públicas e privadas em relação ao PIB mundial. Essa proporção no ano 2000 era de 250%. Tínhamos um endividamento mundial equivalente a 2,5 vezes o PIB mundial. Em 2007-2008, estávamos em 275%, com uma elevação de 25%. E, se observo o que tínhamos em 2016, vejo 300%. Veja que o crescimento segue o ritmo de endividamento suplementar. De uma certa forma, em termos globais, estamos em uma situação mais vulnerável do que estávamos em 2008.
Por culpa de quem?
É o funcionamento da economia mundial e, logo, a culpa é de todo mundo. Todo mundo se deixa envolver por crescimentos de dívida que são anormais e perigosos. Mas a proporção em 2017 era de 50% para países avançados, e 50% para países emergentes. Antes, em 2008, era de 90% para países avançados e 10% para países emergentes. O que aconteceu é que países avançados continuaram se endividando, o que não é normal depois de enfrentarem a crise mais grave desde a Segunda Guerra Mundial. Já os países emergentes descobriram a alegria do endividamento, e passaram de 10% a 50%.
(...)