Golpe elimina metade dos consumidores
E quem compra compra lembrancinha
publicado
24/12/2016
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Reprodução: Tijolaço
O Conversa Afiada reproduz brilhante e brizolista análise do mestre Fernando Brito:
O retrato do fracasso neoliberal é o povo que sumiu das ruas do Natal
Nenhum texto, reportagem ou análise econômica, pode ser tão expressivo do que se passa no Brasil que o par de fotos estampados hoje na capa do Estadão.
O repórter fotográfico Márcio Fernandes, com extrema precisão, conseguiu reproduzir a foto feita por seu colega Leonardo Fernandes, há seis anos.
Tudo é perfeitamente igual na Rua 25 de Março, centro de comércio popular da cidade de São Paulo.
Tudo, menos o fato de que há na rua, menos da metade das pessoas que havia há seis anos, naquele 2010 do qual muita gente já esqueceu.
Esta metade, feita de gente – gente com família, crianças, amigos, pais idosos, gente que é tão cheia do direito de viver quanto eu ou você – sumiu. Tornou-se invisível, saiu, em maior ou menor grau, da roda da economia.
A sua ausência não é acidental. Seu desaparecimento é um projeto, um programa, uma estratégia da perversidade neoliberal.
Não existindo, eles não compram. Se eles não compram, a demanda cai e os preços não sobem. Se os preços não sobem, produz-se o “milagre” da redução do processo inflacionário e da corrosão de valor da moeda e adensa-se o sangue que se sugará da Nação pelo rentismo, pelos juros.
O cerne do projeto neoliberal é este: fazer “desaparecer” uma parte da população. Que não vai à 25 de março, que não vai mais ao hospital, ou irá a um mais precário, como mais precária serão suas escolas, suas periferias, suas casas lá onde a elite não as vê.
O Brasil desta gente é como a 25 de março, basta metade existir. A outra metade é um problema, jamais uma solução.
E nunca seus irmãos.
O que nos dão hoje as imagens de Leonardo e Márcio, como nos versos do Chico Buarque, é uma foto que não era para capa, era mera contracara, a face obscura. Mostram mais que que o frio número de queda de 4% estimada nas vendas pela Confederação Nacional do Comercio, que a reportagem de Marcia Chiara registra.
E olhe que, em 2010, Leonardo fez a foto no dia 11. Faltavam duas semanas para o Natal e o 13°, para a maioria, ainda não havia sido pago. Márcio a fez agora, quando tudo deveria estar a pleno vapor.
O Brasil dos Levy, dos Meirelles, dos Moro e Dallagnóis é assim, bem mais civilizado.
A metade.
A outra metade que vá para a selva da barbárie e da exclusão.
Nenhum texto, reportagem ou análise econômica, pode ser tão expressivo do que se passa no Brasil que o par de fotos estampados hoje na capa do Estadão.
O repórter fotográfico Márcio Fernandes, com extrema precisão, conseguiu reproduzir a foto feita por seu colega Leonardo Fernandes, há seis anos.
Tudo é perfeitamente igual na Rua 25 de Março, centro de comércio popular da cidade de São Paulo.
Tudo, menos o fato de que há na rua, menos da metade das pessoas que havia há seis anos, naquele 2010 do qual muita gente já esqueceu.
Esta metade, feita de gente – gente com família, crianças, amigos, pais idosos, gente que é tão cheia do direito de viver quanto eu ou você – sumiu. Tornou-se invisível, saiu, em maior ou menor grau, da roda da economia.
A sua ausência não é acidental. Seu desaparecimento é um projeto, um programa, uma estratégia da perversidade neoliberal.
Não existindo, eles não compram. Se eles não compram, a demanda cai e os preços não sobem. Se os preços não sobem, produz-se o “milagre” da redução do processo inflacionário e da corrosão de valor da moeda e adensa-se o sangue que se sugará da Nação pelo rentismo, pelos juros.
O cerne do projeto neoliberal é este: fazer “desaparecer” uma parte da população. Que não vai à 25 de março, que não vai mais ao hospital, ou irá a um mais precário, como mais precária serão suas escolas, suas periferias, suas casas lá onde a elite não as vê.
O Brasil desta gente é como a 25 de março, basta metade existir. A outra metade é um problema, jamais uma solução.
E nunca seus irmãos.
O que nos dão hoje as imagens de Leonardo e Márcio, como nos versos do Chico Buarque, é uma foto que não era para capa, era mera contracara, a face obscura. Mostram mais que que o frio número de queda de 4% estimada nas vendas pela Confederação Nacional do Comercio, que a reportagem de Marcia Chiara registra.
E olhe que, em 2010, Leonardo fez a foto no dia 11. Faltavam duas semanas para o Natal e o 13°, para a maioria, ainda não havia sido pago. Márcio a fez agora, quando tudo deveria estar a pleno vapor.
O Brasil dos Levy, dos Meirelles, dos Moro e Dallagnóis é assim, bem mais civilizado.
A metade.
A outra metade que vá para a selva da barbárie e da exclusão.