Governadores jogam duro e enquadram Bolsonaro no isolamento
Em debate promovido pela GloboNews, na noite deste sábado (16/V), governadores criticaram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e defenderam as medidas restritivas para combater a pandemia do novo coronavírus.
A conversa aconteceu após o Ministério da Saúde confirmar que o Brasil ultrapassou as 15 mil mortes por Covid-19. Nas últimas 24 horas, foram registrados 816 novos falecimentos provocados pelo vírus.
Hoje, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desistiu de fazer um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão. Ele defenderia o fim do isolamento horizontal e a volta ao trabalho dos brasileiros.
"A pressão pela abertura nos estados pelo presidente parte de um argumento que não é verdadeiro, como se houvesse a possibilidade de reabrir a economia sem vencer o coronavírus. É preciso entender que nós só temos uma forma séria de retomar a atividade econômica: vencer a pandemia", afirmou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
"Não há contradição entre vida e economia. Só há uma forma de defender a economia que é defendendo a vida. Bolsonaro é o principal impedimento para o reestabelecimento da normalidade. Alguém acha que haverá investimento privado com pessoas morrendo?", questionou o maranhense.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), e João Doria (PSDB), governador de São Paulo, comentaram a intenção do governo federal de usar a negociação em torno do pacote de socorro aos estados como moeda de troca para montar uma ação coordenada com os governadores. O objetivo seria iniciar a abertura gradual da economia a partir do próximo mês de junho.
"É lamentavel que o presidente queira fazer ua negociação diante de uma medida que foi aprovada no Congresso Nacional e que deve ser colocada em prática. Aliás, ele já deveria ter assinado isso durante essa semana. Negociar o que é um direito dos estados é algo inaceitável. Ele deve destinar os recursos para que os estados continuem fazendo o trabalho de salvar vidas", disse Doria.
O principal ponto em aberto do projeto é a permissão a reajustes salariais. Inicialmente, o projeto previa uma economia de R$ 130 bilhões com o congelamento de salários de servidores por 18 meses. A pedido de Paulo Guedes, ministro da Economia, o presidente deve vetar esse trecho.
"Para nós, essa exigência não faz sentido, porque eu considero que os governadores são responsáveis. Numa crise dessa, não está no horizonte fazer reajustes. A queda dearrecação é gigantesca. Essa medida pressupõe que os governadores não têm responsabilidade fiscal", ressaltou Rui Costa.
Para os governadores, Bolsonaro "fica receitando remédio" e não cumpre com as suas responsabilidades.
"Bolsonaro não aceita nenhum tipo de controle contra as suas vocações despóticas. Ele não coloca em primeiro plano a retomada da economia. Quem coloca é quem quer derrotar o coronavírus", reforçou Dino.
"É uma vergonha a imagem do Brasil hoje no exterior. O presidente já foi considerado o pior líder mundial na gestão do coronavírus. Ele não tem liderado o país, não tem protegido o seu povo, não quer ajudar a proteger vidas e prefere fazer passeios de jet sky. É lamentável que o Brasil não tenha um líder para ajudar a salvar vidas", acrescentou Doria
Além de Dino, Costa e Doria, participaram do debate o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL).
Assista ao debate abaixo.